Penafiel-Boavista, 0-1 (crónica)

17 jan 2001, 23:59

Boavista tem tudo de um grande, até sorte No primeiro teste ao líder, Jaime Pacheco adaptou o esquema táctico ao mau estado do relvado, oferecendo maior força ao meio-campo e ao ataque. A vitória apareceu num lance fortuíto (auto-golo) e o ciclo de jogos sem perder aumenta para 16. O Penafiel merecia mais, pois foi a melhor equipa em campo.

Há um spot publicitário de uma conhecida marca francesa de automóveis que é lapidar e encaixa perfeitamente na vitória do Boavista em Penafiel. Referindo-se a um carro pequeno diz-se, então, que «Ele tem tudo de um grande», o que enaltece as suas características interiores, imperceptíveis ao olhar comum. 

Como se sabe, os axadrezados estão a conseguir suplantar os três grandes e até é considerado campeão, de inverno, por ter chegado ao final da primeira volta em primeiro lugar. Foi assim que a equipa se apresentou em Penafiel, no primeiro jogo/teste ao líder, frente a um conjunto que ainda não tinha perdido para o campeonato da II Liga. A surpresa era possível, até porque se tratava de um desafio referente à Taça de Portugal, mas esperava-se que a equipa de Jaime Pacheco fosse superior e vencesse naturalmente, assegurando a presença nos quartos-de-final. 

O treinador aproveitou o péssimo estado do terreno para apresentar um «onze» diferente do habitual, principalmente do meio-campo para a frente. Prescindiu de jogar com extremos, colocando dois ponta-de-lança bem abertos, apoiados pela criatividade de Sanchez e Geraldo e a segurança de Rui Bento e Pedro Santos. Na defesa, tudo igual, para salvaguardar a eventual rebeldia dos penafidelenses. Os axadrezados ganhavam em músculo mas perdiam em empatia, entregando o miolo do terreno ao adversário. Só as excelentes prestações de Erivan e Pedro Santos salvavam a mediocridade geral do líder nacional. 

Sem conseguir criar grandes situações de perigo, o Boavista puxou do trunfo que faltava e que só os campeões detêm. A sorte acompanhou a assistência de Pedro Santos para Demétrios e Bruno Ferraz deixou-se enganar pelo posicionamento do terreno, efectuando um chapéu perfeito ao seu guarda-redes, que assistiu incrédulo ao rumo imparável da bola. O jogo decidiu-se naquele momento, porque pouco mais poderia fazer-se a partir daí. Com o estado do terreno em avançado estado de degradação e a chuva a empapá-lo, os jogadores das duas equipas abdicaram de produzir para batalhar, unicamente. 

Não são do mesmo campeonato? 

As diferenças não se fizeram notar entre as duas equipas e até foi o Penafiel a assumir o controlo do jogo, através de bom toque de bola, eficácia defensiva (embora Bruno Ferraz estivesse um pouco nervoso) e objectividade ofensiva. O empate seria mais justo e, apesar do mau tempo, até nem seria desagradável que se jogasse o prolongamento. Tanto o Penafiel, como o Boavista, deviam ser obrigados a cumprir esse período. Os da casa em forma de prémio e os axadrezados como punição. 

No primeiro teste ao líder, a equipa orientada por Jaime Pacheco até nem teve de suar muito para vencer e aumentar o impressionante ciclo de jogos sem perder, que já vai nos 16, contando campeonato e Taça. O desafio foi resolvido relativamente cedo, num lance de pura sorte, a chuva acabou por fazer o resto, pois deixou o relvado prostrado à degradação e vergou o Penafiel a uma noite de estafa sem resultados práticos que só serviu para desgastar os jogadores.  

Em consequência do mau estado do terreno, os dois treinadores ainda tiveram que assistir às sucessivas lesões e às hesitações do árbitro. A certa altura José Leirós não conseguiu segurar as coisas e chegou a ser vaiado pela assistência, que clamava penalty. Apesar da contestação, o juiz esteve bem em quase tudo, principalmente ao não assinalar essa grande penalidade, pois não houve qualquer falta.

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