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«Melhor solução nem sempre é a ideal», diz Martin Delgado (Benfica)

16 set 2000, 16:04

Ainda a substituição de Poborsky na Suécia

A derrota da passada quinta-feira na Suécia, diante do Halmstads, tem de ser arquivada num canto pouco acessível da memória, alerta Martin Delgado, treinador-adjunto do Benfica, que não quer os seus jogadores abatidos por algo que faz parte do passado. 

«A missão da equipa técnica é transmitir aos jogadores que não foi um drama. Constrói-se sobre o positivo, esquece-se o negativo e pensa-se no seguinte.» O seguinte é o Estrela da Amadora, que «tem apresentado sempre sistemas diferentes», lembra o técnico espanhol, pelo que é difícil adivinhar o que vai acontecer na segunda-feira à noite. «O Estrela já jogou em 3x4x1x2, já o fez em 4x4x2... Estamos à espera de uma equipa que, sem ser defensiva, se resguarde um pouco e que quando tivermos a bola defenda com bastantes homens.» 

Com muitas ausências na equipa, entre elas Sabry, castigado, Delgado assegura ainda assim que o Benfica não vai abdicar do sistema de 4x2x3x1. «O esquema será o mesmo, os jogadores é que vão mudar», avisa Martin Delgado, que reconhece que Miguel «pode ser» o substituto do egípcio no ataque dos encarnados. 

Poborsky sacrificado pela táctica 

Por muito que a equipa técnica minimize o desaire na Suécia, os adeptos do Benfica ficaram preocupados, convencidos de que há uma equipa a jogar em casa e outra totalmente diferente a actuar fora. «Em relação à Liga portuguesa tenho de estar de acordo que parece ser assim, mas não creio que tenha sido o caso na Suécia. Fomos melhores na primeira oportunidade, tivemos muitas oportunidades, só que não concretizámos.» 

Mesmo o trabalho defensivo no primeiro tempo, diz o adjunto encarnado, foi muito positivo. «Estávamos avisados que a equipa do Hamstads era perigosa no jogo aéreo e sabíamos que as bolas eram normalmente levantadas pelos laterais. Parámo-los bem e os suecos tiveram de recorrer a outro tipo de jogo. Depois, no segundo tempo, com as mesmas instruções, o Benfica foi diferente. Porque é que isso aconteceu é a pergunta que vale um milhão no futebol...» 

Na tentativa de voltar ao futebol da primeira parte Jupp Heynckes trocou o extremo Poborsky pelo defesa Sérgio Nunes, já com o Benfica a perder. Uma subsituição que não caiu bem entre os adeptos. «No banco há que solucionar da melhor maneira possível os problemas e essa melhor maneira nem sempre é a ideal. A equipa do Benfica estava perdida, os suecos entravam como queriam na nossa defesa, o nosso meio-campo estava desequilibrado, demasiado avançado, e procurámos por isso uma solução para segurar a defesa sem abdicar do ataque. Se sofrêssemos o terceiro golo, quando o adversário estava melhor que nós, a eliminatória ficava em risco. Sem ser o resultado que queríamos, acabou por ser menos mau, atendendo a que jogamos a segunda mão em casa. Perdemos 1-2 fora. Quantas equipas fizeram um resultado desses? Não façamos um drama», apela Martin Delgado. 

Só que, mais que a entrada de Sérgio Nunes, causou estranheza a opção pelo sacrifício de Poborsky, que estava a ser um dos melhores elementos do Benfica. O adjunto de Heynckes explica que se tratou de uma jogada táctica que acabou por não resultar como queriam. «Não é que Poborsky fosse o pior. Ele tinha baixado o rendimento mas na minha opinião até tinha sido o melhor durante o primeiro tempo. Tínhamos de escolher um de quatro ou cinco e as bolas já não lhe chegavam com tanta facilidade. O sistema táctico dos suecos fê-lo baixar de rendimento, o Halmstads carregou a defesa do seu lado esquerdo e nós achámos que podíamos desequilibrar do lado contrário.» 

Dani nas costas do ponta-de-lança 

No último dia de inscrições de jogadores na Liga portuguesa de clubes (um novo período de inscrições começa em Dezembro), o Benfica apresentou Dani, ex-Ajax. Um jogador que Martin Delgado não conhece profundamente mas de quem tem óptima impressão. «Falo de memória. O que me lembro dele foi de quando se estreou no Ajax e fiquei impressionado pela sua qualidade técnica, disciplina táctica e pela facilidade com que aparecia a finalizar», elogiou. 

No entanto, os benfiquistas não podem esperar que Dani seja a solução de todos os males, até porque nem se sabe quando começará a jogar. «Não sabemos quanto tempo vai demorar a recuperar de lesão, a ficar em forma e a adaptar-se à equipa.» 

Quando estiver em condições, no entanto, deverá ser utilizado como muleta de Van Hooijdonk, dá a entender Martin Delgado. A equipa técnica do Benfica parece pouco inclinada em colocá-lo a jogar à esquerda. «Em todas as equipas em que jogou destacou-se na posição» que o espanhol define como «media-punta», entre o meio-campo e o ponta-de-lança, como chegou a fazer no Ajax e como fazia antes de si Litmanen. «Ainda para mais vem de um futebol em que esse lugar é fundamental», acrescenta Martin Delgado. 

Já Fernando Meira vai continuar, aparentemente, a alternar entre o centro da defesa e o meio-campo. «É um polivalente. Tanto a central como a trinco pode render bastante. A decisão é tomada em função dos interesses da equipa.»

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