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Europeu - aí vou eu!

8 jun 2000, 22:35

Vítor Pereira Vítor Pereira, árbitro internacional português presente no Europeu, escreve nestas páginas durante a prova.

Pois é, cá vou eu para mais uma importante competição internacional, desta feita o Campeonato da Europa de 2000, bipartido entre a Bélgica e a Holanda. 

Não foi fácil esta minha presença na prova-rainha da UEFA. Nada que se pareça. Depois do Mundial-98, em França, muitas águas passaram pelos moinhos.  

A muitas e exigentes provas estive sujeito, tendo sempre de corresponder com a competência, o equilíbrio e a sensatez indispensáveis neste nível de competições, sobretudo por força da imensa panóplia de interesses que exponenciam brutalmente as nossas responsabilidades. 

Desde que, em pleno Mundial, arbitrei um disputadíssimo Alemanha-México na bonita cidade de Montpellier, já dirigi mais 22 jogos internacionais, entre eles 10 para a Liga dos Campeões, incluindo duas meias-finais nos últimos dois anos, e oito partidas entre selecções A. 

O percurso foi longo. Ora vejam: entrei no Verão de 1996 para o reduzido «First Class Referees Group», que é o grupo de árbitros internacionais denominados de com Esperanças. Um ano depois atingi o tão almejado «Top Class Group», que é o topo da hierarquia na arbitragem europeia, o chamado «grupo de elite». Tinha a perfeita consciência de que só chegaria ao Mundial-98 se garantisse a permanência neste grupo. Não me enganei. Também sabia que para ser seleccionado para o Euro-2000 teria não só de me manter no grupo como, inclusive, de melhorar as minhas notas, já que o meu reconhecimento além-fronteiras tinha, naturalmente, aumentado. Felizmente, esta foi outra cruzada de sucesso.  

Mas não se ficaram por aqui as exigências. No Europeu-96, em Inglaterra, tinham sido os árbitros escolhidos para nele participar. Quatro anos depois, e porque a UEFA não tinha ficado completamente satisfeita com o nível médio das prestações dos juízes, o seu número foi reduzido. E logo para metade. Outro grande obstáculo a ultrapassar, felizmente também aqui com sucesso. 

Sempre com muito esforço, dedicação e respeito pela actividade. Sempre com uma séria atitude profissional, minha e dos colegas que comigo partilharam todas as emoções e ansiedades deste percurso. Quase sempre cumprido com muito sofrimento (algo que poucos podem imaginar), especialmente a partir do momento em que as lesões me foram pregando rasteiras. 

Enfim, cheguei a um intenso mês de Maio com muito trabalho físico, cumprindo à risca o rigoroso plano de treinos do professor Werner Helsen, da Universidade de Leuveken. Estive muitas horas entregue às mãos experientes dos fisioterapeutas José Luís, Mimoso e Armando Jorge, bem como do dr. João Beckert, pessoal do Centro de Medicina de Lisboa e do Centro de Alto Rendimento do Jamor. Tudo isto para chegar aqui, de malas aviadas, super-motivado para tentar representar bem a arbitragem portuguesa e elevar bem alto o nome de Portugal.

Vítor Pereira

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