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Exclusivo. Lacerda Sales reuniu-se com assessor de Belém um dia antes de se encontrar com filho de Marcelo 

7 jun, 22:14

Antigo assessor para a saúde de Belém confirma reunião, mas nega ter falado sobre as gémeas, apesar de admitir que chamava à Presidência da República a “casa dos segredos”

O antigo secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, reuniu-se com Mário Pinto, à época assessor do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, um dia antes do então governante encontrar-se com Nuno Rebelo de Sousa para falar sobre o caso das gémeas, numa altura em que a família encontrava resistência no Hospital de Santa Maria para marcar a primeira consulta das crianças.

A confirmação desta reunião está escrita pelo próprio Lacerda Sales numa resposta que este enviou à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que não incluiu este ponto no relatório que fez sobre o caso. 

As respostas de Lacerda Sales, a que o Exclusivo da TVI, do mesmo grupo da CNN Portugal, teve acesso na íntegra, falam de forma específica da reunião com o assessor de Belém para os assuntos de saúde, Mário Pinto, um dia antes da reunião com Nuno Rebelo de Sousa. 

Quando questionado por escrito pela IGAS se foi “contactado pela Casa Civil da Presidência da República no âmbito” do caso das gémeas, Lacerda Sales responde “não posso precisar quanto a este âmbito ou situação em concreto, no entanto, existiram várias reuniões com o adjunto para a saúde da Casa Civil, atinentes a múltiplos assuntos da área da saúde, tendo a primeira ocorrido a 6 de novembro de 2019”, ou seja, um dia antes do encontro com o filho de Marcelo.

O antigo secretário de Estado não é claro a dizer que falaram sobre o caso das gémeas nas respostas à IGAS, mas na pergunta seguinte, quando questionado “se sim [falaram sobre o caso das gémeas?], quem foi o interlocutor desses contactos?”, Lacerda Sales refere explicitamente o nome de Mário Pinto. 

A TVI apurou que Lacerda Sales pretende revelar que falou, de facto, com este assessor de Belém sobre as gémeas, algo que nunca disse antes - nem à IGAS, nem aos jornalistas. 

Recorde-se que Lacerda Sales demorou quase dois meses, após a primeira reportagem da TVI, para admitir que se tinha reunido com Nuno Rebelo de Sousa para falar sobre as gémeas. 

Ex-assessor desmente conversa sobre as gémeas

Mário Pinto, o ex-assessor para a saúde de Marcelo Rebelo de Sousa alvo da resposta de Lacerda Sales, aceitou responder ao Exclusivo da TVI e garante que nunca falou com o antigo secretário de Estado sobre as gémeas. 

Sublinhando ser muito amigo de Sales e admitindo que esteve várias vezes com este na época, Mário Pinto garante que “não é verdade” - “nunca tive na minha posse esse assunto” que estava “com a doutora Maria João Ruela”; “eu não sabia disso”. 

Daquilo que entretanto ficou a conhecer da história das gémeas, o ex-assessor de Marcelo admite que não compreende como é que o Ministério Público também não investiga os responsáveis da Presidência da República, acreditando que as ações de Nuno Rebelo de Sousa não deviam ser desconhecidas de Marcelo. 

"Não aconteceria sem a anuência do Presidente"

“Ainda por cima com o filho do Presidente as coisas tinham outro peso não é?”, diz Mário Pinto, que acrescenta: “Acho que não aconteceria sem ser com a anuência do Presidente da República. Acho que só assim faria sentido.”

Questionado se no seu tempo havia cunhas e se ficou surpreendido com o caso das gémeas, o antigo assessor de Marcelo Rebelo de Sousa diz que “não [me] surpreendeu nada, absolutamente nada”. 

“Coisas assim de arranjar uma consulta”, continua o ex-assessor de Belém, “era uma coisa normal como ainda agora faço se alguém me pedir uma consulta eu vou pedir a quem eu tenho confiança para pedir uma consulta agora neste caso com a envolvência do hospital, etc., etc., não sabia disso”.

A "Casa dos Segredos"

Sobre a sua experiência ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa nos assuntos da saúde, Mário Pinto faz o diagnóstico: “Aquela casa é uma casa com muitos segredos, eu até lhe chamo a ‘Casa dos Segredos’ porque realmente havia ali muitas coisinhas, muitas tretas. Sem jeito nenhum, mas pronto, mas é os processos todos que existiam por lá é mesmo assim”, conclui o antigo assessor da Presidência da República. 
 

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