F.C. Porto nas Antas: maus inícios, reacções explosivas

3 dez 2002, 18:44

Dá para perceber? Em seis jogos em casa para a Superliga, o líder permitiu que o adversário marcasse primeiro. Deu a volta por quatro vezes; com o Belenenses ficou-se pelo empate.

É uma estranha tendência para sofrer na sua própria casa. O F.C. Porto lidera de forma destacada a Superliga, leva cinco pontos de avanço sobre o Sporting e sete sobre o Benfica, mas a verdade é que insiste num fenómeno que nem a falta de lógica que caracteriza o futebol justifica por completo.

Como explicar que o conjunto de José Mourinho, que neste primeiro terço de campeonato mostrou ser (pelo menos até agora, repetimos) a equipa mais consistente e equilibrada da Superliga, tenha permitido que os adversários marcassem (quase) sempre primeiro nos jogos das Antas?

Só por uma vez essa regra teve excepção: foi na quinta jornada, na magra vitória dos dragões sobre o Marítimo (1-0). Nas outras seis partidas que o F.C. Porto disputou em casa para o campeonato, os visitantes inauguraram o marcador. Curiosamente, o Porto reagiu sempre e deu a volta em quatro dessas cinco ocasiões, acabando por vencer os jogos. Frente ao Belenenses, a reacção ficou a meio, uma vez que o jogo terminou empatado (2-2). Mas essa partida, a primeira do líder neste campeonato, teve outra particularidade: o Porto esteve por duas vezes em desvantagem, em dois golos de Neca e, por duas vezes, conseguiu corrigir o erro, chegando ao empate.

Inícios hesitantes, reacções explosivas

Mas as coincidências não se ficam por aqui: a tendência é muito clara a mostrar que o Porto sofre golos numa fase muito prematura dos jogos. Nos primeiros cinco minutos com o Benfica (3 minutos) e Académica (5 minutos); no primeiro quarto de hora com o Belenenses (12) e o Gil Vicente (13); na primeira meia-hora com o Nacional (22 minutos).

As hesitações iniciais do F.C. Porto no seu estádio ficam por demais evidentes nestes exemplos, mas claro que um ciclo como este pode sempre ser visto pelo lado positivo: o Porto reagiu sempre de forma explosiva às más entradas. Sempre que sofreu nas Antas, respondeu com golos.

Há quem aponte como principal qualidade deste F.C. Porto de José Mourinho a sua força anímica. A capacidade dos azuis e brancos de responder às adversidades e a alma que os dragões têm mostrado em campo ficaram bem patentes no jogo com o Benfica, por exemplo. Além de terem chegado ao empate poucos minutos depois do golo de Tiago, os portistas conheceram o seu melhor período precisamente na altura em que correram mais riscos: depois da expulsão de Jorge Costa.

Dá para perceber?

Se as virtudes portistas no que toca à sua capacidade de reacção são indiscutíveis, é caso para perguntar: até quando? No jogo de ontem, por exemplo, o 4-1 camufla a demora que o Porto acusou em conseguir chegar ao golo. Excesso de confiança nos inícios? Desatenções defensivas que só são corrigidas com o decorrer do jogo? Os próximos jogos nas Antas talvez ajudem a responder a essas perguntas.

Certo, certo é que nos restantes jogos disputados nas Antas (para a Taça e para a UEFA com Lens, Áustria e Polónia) o percurso portista é imaculado: tudo vitórias e nem um golo sofrido: 2-0 com o Trofense; 6-0 com o Polónia Varsóvia; 2-0 com o Áustria de Viena; 3-0 com o Lens.

Veja as reviravoltas dos azuis e brancos nas Antas:

1.ª jornada

F.C. Porto-Belenenses, 2-2

(0-1, Neca, 12 minutos; 1-2, Neca, 88 minutos) 

3.º jornada

F.C. Porto-Gil Vicente, 3-1

(0-1, Nuno Amaro, 13 minutos)

EXCEPÇÃO:

5.ª jornada

F.C. Porto-Marítimo, 1-0

7.ª jornada

F.C. Porto-Benfica, 2-1

(0-1, Tiago, 5 minutos)

9.ª jornada

F.C. Porto-Nacional, 5-2

(0-1, Adriano, 22 minutos)

12.ª jornada

F.C. Porto-Académica, 4-1

(0-1, Dário, 5 minutos)

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