A má escolha dos snacks "está associada a um IMC (índice de massa corporal) mais elevado, a uma maior massa de gordura visceral e a concentrações mais elevadas de triglicéridos pós-prandiais - o período após a ingestão de uma refeição -, todos eles associados a doenças metabólicas, como acidentes vasculares cerebrais, doenças cardiovasculares e obesidade", aponta o estudo
Se está a fazer refeições mais saudáveis hoje em dia, parabéns - mas o que come ao lanche? Ao escolher snacks ultraprocessados e açucarados, um em cada quatro de nós pode estar a anular todos os benefícios de uma alimentação saudável, de acordo com um novo estudo.
"Tendo em conta que 95% de nós petiscamos e que quase um quarto das nossas calorias provém de snacks, trocar snacks pouco saudáveis como bolachas, batatas fritas e bolos por snacks saudáveis como fruta e frutos secos é uma forma muito simples de melhorar a sua saúde", afirmou a autora principal Sarah Berry, investigadora do King's College de Londres, em comunicado.
Mais de 90% dos adultos nos Estados Unidos afirmam comer um ou mais snacks num determinado dia. No Reino Unido, onde o estudo foi realizado, cerca de 47% dos participantes comiam dois snacks por dia e 29% das pessoas comiam ainda mais vezes.
Mais de 25% dos participantes no estudo afirmaram comer refeições principais saudáveis e petiscar alimentos altamente processados e guloseimas açucaradas que podem aumentar a fome, segundo o estudo.
"Não vamos para a rua e simplesmente esperamos que o tempo esteja bom; protegemo-nos contra ele, de todas as formas corretas. Um casaco quando está frio; um guarda-chuva quando chove", disse David Katz, especialista em medicina preventiva e de estilo de vida e nutrição, que não participou no estudo.
"Devíamos pensar no ambiente alimentar da mesma forma e não entrar num clima de comida de plástico e esperar comer bem", acrescentou Katz, presidente e fundador da True Health Initiative, uma coligação global de especialistas dedicados à medicina do estilo de vida baseada em provas, que publicou uma investigação sobre como utilizar a alimentação como medicina preventiva.
Escolha do lanche e horário
O estudo, publicado no European Journal of Nutrition, analisou os hábitos de petiscar de 854 pessoas que participaram no estudo Zoe Predict, uma colaboração entre a Universidade Tufts e a Escola de Saúde Pública Harvard T.H. Chan, em Boston, e investigadores de nutrição do Reino Unido, Espanha e Suécia.
A má escolha dos snacks "está associada a um IMC (índice de massa corporal) mais elevado, a uma maior massa de gordura visceral e a concentrações mais elevadas de triglicéridos pós-prandiais - o período após a ingestão de uma refeição -, todos eles associados a doenças metabólicas, como acidentes vasculares cerebrais, doenças cardiovasculares e obesidade", aponta a investigação.
A altura em que as refeições ligeiras foram consumidas também foi importante. O estudo concluiu que o facto de petiscar depois das 21 horas estava associado à ingestão de alimentos ricos em calorias, gordura e açúcar. As pessoas que petiscavam tarde apresentavam piores marcadores sanguíneos que podem conduzir a doenças crónicas do que as que petiscavam mais cedo.
Segundo o estudo, nem todos os petiscos são prejudiciais à saúde. Os participantes que comiam frequentemente frutos secos, fruta fresca e outros snacks de alta qualidade tinham mais probabilidades de ter um peso saudável do que os que não petiscavam ou os que escolhiam alimentos pouco saudáveis.
"A minha prática durante décadas tem sido viajar com alimentos convenientes e nutritivos de que gosto - por isso, se tiver fome em viagem ou no escritório, não é alguém que não conheço que escolhe o meu lanche - sou eu", argumentou Katz.
"Compre um pacote de snacks isolado; tenha em casa alguns alimentos práticos e nutritivos de que gosta - nozes, fruta fresca, frutos secos, húmus e afins - e leve-os consigo para que comer bem em viagem esteja sempre sob o seu controlo e na ponta dos dedos", sugeriu.
