Mariana Mortágua quer entendimento à esquerda para preparar oposição e mostrar ao país uma "alternativa credível"

CNN Portugal , MJC
13 mar, 20:25

A líder do Bloco de Esquerda assume que a AD tem condições para formar Governo, ainda que o seu programa seja "desastroso para o país". Por isso, quer uma oposição mais forte e começar a trabalhar desde já numa alternativa de esquerda para as próximas eleições

Mariana Mortágua quer que os partidos da esquerda - "ecologistas, do campo democratico e da oposição" - "possam ter um diálogo e chegar a um entendimento sobre o que é o programa da direita e como impedir o avanço desse programa, e sobre pontos de convergência que possam oferecer um horizonte mobilizador do voto para uma maioria da esquerda". Mas, em entrevista à CNN Portugal, a líder do Bloco de Esquerda deixou claro que o objetivo deste encontro não é, ao contrário do que pretende Rui Tavares, forçar a formação de um Governo de esquerda a curto prazo, mas antes organizar uma estratégia comum para a oposição e desenhar uma alternativa de esquerda para o futuro.

"Devemos ser cautelosos e esperar pela contagem dos mandatos", no entanto, "tudo indica que o PSD é o partido mais votado e será chamado a formar Governo", admitiu Mariana Mortágua, considerando que a confirmarem-se os resultados previstos o PSD "terá legitimidade para formar Governo", ainda que defenda que "a direita não tem qualquer solução de estabilidade para o país". 

Assim, "este repto [aos partidos de esquerda] serve para cumprir uma responsabilidade e um compromisso, é preciso olhar para as pessoas que votaram à esquerda, que não querem um Governo de direita, que não querem que a extrema-direita tenha este poder, e dizer que a esquerda tem de se mobilizar não só para resistir a um programa de direita mas para apresentar soluções", explicou. 

Antes de mais, é preciso fazer um balanço do resultado das eleições: "É preciso virar um ciclo, há uma vontade de mudança em Portugal, isso é inegável, um cansaço enorme da maioria absoluta e da sua falta de respostas, e tivemos uma campanha que não foi capaz de mobilizar confiança suficiente num projeto alternativo", disse. "Nós sabemos que a maioria absoluta deixou crises profundas e sabíamos que era necessária uma maioria que mostrasse ao país que era possível mudar." 

"Infelizmente" durante a campanha a esquerda não conseguiu convencer os eleitores de que teria alternativa credível. E é isso que Mariana Mortágua quer começar desde já a trabalhar: "A nossa responsabilidade é que os partidos à esquerda se possam entender, estabelecer pontos de diálogo, não só na oposição para garantir que se impede um programa de direita, de destruição dos direitos sociais, de ataque aos serviços públicos, mas também para que possa haver uma mobilização conjunta que mostre ao país que há uma alternativa e que essa alternativa é credível" - "para obviamente governar Portugal", mas não agora.

"Temos de encontrar pontes de entendimento programáticos para resolver os principais problemas do país. Enquanto isso não acontecer não há confiança numa alternativa", sublinhou.

Sobre a posição do Bloco de Esquerda à eventual moção de rejeição que será apresentada pelo PCP, Mariana Mortágua não se quis comprometer: "O que conhecemos é o programa eleitoral do PSD, a que nos opomos. É um programa desastroso para o país. Mas ainda não há Governo. Não conhecemos o programa do Governo nem a moção de rejeição. Esperaremos para conhecer os textos para tomarmos uma posição", indicou.

No entanto, lembrou que, como sempre disse, "o Bloco não servirá para viabilizar nenhum Governo de direita e está sempre disponível para viabilizar soluções com a esquerda".

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