O Psicólogo Responde: Como lidar com a perda do marido ou mulher?
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O Psicólogo Responde: Como lidar com a perda do marido ou mulher?

O Psicólogo Responde é uma rubrica sobre saúde mental para ler todas as semanas. Tem comentários ou sugestões? Escreva para opsicologoresponde@cnnportugal.pt

Eduardo Carqueja
Psicólogo e Presidente da Delegação Regional Norte da Ordem dos Psicólogos Portugueses

O luto pela morte do marido ou esposa é frequentemente referido como luto conjugal ou luto pelo cônjuge. Embora o processo de luto seja único para cada pessoa, existem algumas diferenças distintas entre o luto pela morte do cônjuge e outros tipos de luto. Algumas dessas diferenças são:

  1. Intimidade e vínculo. O luto pela morte do cônjuge é frequentemente descrito como uma das formas mais intensas de luto, devido à intimidade e ao vínculo profundo compartilhado entre marido e esposa. Essa perda pode ter um impacto significativo na vida emocional, física e prática do/a enlutado/a.
     
  2. Papel e identidade. Quando uma pessoa perde o cônjuge, ela também pode experimentar uma mudança no papel e identidade. O casamento é uma parte central da vida de muitas pessoas e a morte do parceiro pode deixar uma sensação de vazio e perda de identidade.
     
  3. Rotina e apoio emocional. O cônjuge geralmente desempenha um papel importante na rotina diária e no apoio emocional. Após a morte do marido ou esposa, a pessoa enlutada pode-se deparar com uma série de mudanças práticas e emocionais. Essas mudanças podem incluir a necessidade de assumir responsabilidades anteriormente compartilhadas e a falta de apoio emocional do/a seu/sua parceiro/a.
     
  4. Perda do futuro compartilhado. Uma das diferenças mais significativas no luto pelo cônjuge é a perda do futuro compartilhado. Muitos casais têm planos e expectativas para o futuro juntos e a morte do/a parceiro/a pode interromper esses planos, gerando uma sensação de perda e desorientação.
     
  5. Suporte social. O luto pelo cônjuge geralmente recebe um nível significativo de atenção e apoio social, uma vez que a sociedade reconhece a importância do casamento e a dor associada à perda do/a parceiro/a. No entanto, isso pode variar dependendo da cultura, contexto social e sistema de apoio disponível para a pessoa enlutada.

É importante lembrar que cada pessoa vivencia o luto de maneira única e individual. As diferenças mencionadas acima são apenas algumas das características comuns observadas no luto pelo cônjuge em comparação com outros tipos de luto. O processo de luto é complexo e pode variar amplamente de pessoa para pessoa. O apoio de entes queridos, amigos e profissionais de saúde mental é fundamental para ajudar alguém que está passando por essa experiência a lidar com a perda e a se adaptar à nova realidade.

Sendo a perda do cônjuge uma das experiências mais difíceis e dolorosas que alguém pode enfrentar, a morte do cônjuge traz consigo uma profunda tristeza e um vazio emocional que pode parecer insuperável. Nesse momento de sofrimento intenso, é fundamental solicitar apoio e adotar estratégias para lidar com o luto. Neste artigo, discutiremos algumas abordagens para ajudar no caminho de superação e integração da perda do cônjuge.

  1. Permita-se sentir e expressar o sofrimento. Ao enfrentar a perda, é importante permitir-se vivenciar e expressar o sofrimento. O luto é um processo natural e individual, e cada pessoa reage de maneira diferente. Chore, fale sobre os seus sentimentos e compartilhe as suas recordações. Não reprima as suas emoções, pois é através da expressão saudável da tristeza que você poderá começar a lidar com a perda.
     
  2. Procure apoio emocional. Não hesite em procurar apoio emocional durante esse momento desafiador. Converse com familiares e amigos próximos, participe em grupos de apoio ou recorra a ajuda de um psicólogo especializado em luto. Compartilhar as suas emoções com pessoas que entendem o seu sofrimento pode ajudar a aliviar essas emoções e oferecer uma rede de suporte.
     
  3. Cuide de si mesmo. Durante o processo de luto é essencial cuidar de si mesmo. Priorize a sua saúde física e psicológica, mantendo uma alimentação equilibrada, exercitando-se regularmente e descansando adequadamente. Além disso, reserve um tempo para se envolver em atividades que lhe tragam conforto e bem-estar, como hobbies, leitura, meditação ou qualquer outra forma de relaxamento que aprecie.
     
  4. Aceite o tempo necessário para o processo de luto. Cada pessoa tem seu próprio ritmo de luto, pelo que é importante respeitar e aceitar esse tempo. Dê tempo a si próprio e assuma que o processo de luto necessita de tempo que vai para além do cronos… O tempo subjetivo/psicológico terá um papel preponderante em todo este processo.
     
  5. Pratique o perdão. O luto pode ser acompanhado por sentimentos de culpa ou ressentimento. Permita-se perdoar a si mesmo e ao cônjuge falecido por qualquer arrependimento ou falha percebida. O perdão é um processo libertador que pode abrir espaço para uma cura mais profunda e um futuro mais promissor.
     
  6. Tente encontrar um significado e propósito. Encontre maneiras de honrar e manter viva a memória do seu cônjuge. Isso pode incluir a criação de rituais ou tradições em sua homenagem, a participação em eventos ou projetos que refletem os valores e interesses compartilhados ou o envolvimento em atividades que tragam um sentido renovado à sua vida. Descobrir um novo propósito pode ajudar a encontrar um equilíbrio entre o passado e o futuro.
     
  7. Reconstrua sua vida. Conforme o tempo passa, pode começar a pensar em como reconstruir a sua vida após a perda do cônjuge. Esse processo pode ser desafiador e levará tempo. Não se sinta pressionado/a a tomar decisões importantes imediatamente. Dê-se a oportunidade de descobrir quem é agora e quais são suas aspirações para o futuro.

Conclusão

O luto pela perda do cônjuge é uma experiência profundamente dolorosa e complexa, caraterizada por uma série de aspetos emocionais, cognitivos e comportamentais. É importante ressaltar que o luto é um processo individual e único para cada pessoa, e não há uma maneira "correta" de vivenciá-lo, assim como não há um prazo definido para superá-lo. Cada indivíduo encontrará o seu próprio caminho para lidar com a perda e, eventualmente, encontrar significado e reconstruir uma nova vida após a morte do cônjuge.

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