Leilões, livros, filmes e a “casa onde foi mais feliz”: o negócio em torno do nome de Diana, 25 anos após a sua morte

31 ago 2022, 08:00

Um quarto de século depois do seu desaparecimento, o interesse mantém-se. E só este ano, os leilões de um carro e de um quadro de Diana arrecadaram um milhão de euros. Fora os livros, filmes e até as visitas à casa onde cresceu

Vendem-se carros que a princesa conduziu, o estudo para o retrato da princesa, cartas assinadas pelo seu punho e letra, até pedaços do bolo de casamento com o príncipe Carlos, congelado há 40 anos. Há livros, filmes, até um musical. E a possibilidade de visitar a propriedade onde cresceu. E aqui discrição é palavra de ordem.

Althorp, a propriedade para onde a princesa Diana se mudou após o divórcio dos pais e a "casa onde foi mais feliz", fica no noroeste da Inglaterra e esteve aberta ao público durante os dois meses de verão. Um bilhete de 20 euros dava acesso às salas da casa onde a jovem viveu até casar-se com o príncipe Carlos, em 1981. Alguns dos seus primeiros encontros com o herdeiro ao trono britânico aconteceram aqui.

A casa lembra Downton Abbey, com as suas 90 divisões, e fechou as portas ao público no dia 29 de agosto a tempo de homenagens privadas da família à princesa no local onde foi enterrada. Esta quarta-feira passam 25 anos desde aquele domingo em que o mundo acordou com a notícia da morte de Diana num acidente de viação no túnel da ponte de L’Alma, em Paris.

A casa aberta, mas sem publicidade

O irmão da princesa, Charles Spencer - conde Spencer, autor e historiador - gere Althorp há 29 anos e quem procura detalhes pode surpreender-se: encontram-se referências aos 500 anos de vida e história desta casa, mas nenhuma à princesa Diana, apesar de ter sido por causa dela - e da sua morte - que estes 50 mil metros quadrados de terra se tornaram conhecidos.

Diana foi sepultada numa ilha no centro de um lago a que os visitantes comuns não têm acesso, longe dos olhares indiscretos que muitos acreditam terem sido a causa da sua morte. No momento do acidente, o motorista Henri-Paul fugia dos paparazzi que perseguiam a limousine onde Diana e o namorado, Dodi Al-Fayed, seguiam com o guarda-costas (o único sobrevivente da tragédia). Contrariando todas as teorias da conspiração, uma investigação judicial concluiu já no século XXI que o condutor seguia em excesso de velocidade e sob o efeito de álcool.

Em Althorp, as homenagens fazem-se num templo especialmente concebido para o efeito. E agora só em 2023. 

A família faz o mínimo alarido possível, tirando exceções como o encontro entre William e Harry para a inauguração de uma estátua da mãe há um ano (assinalando os 60 anos da princesa) em Kensington Palace, outra antiga residência da princesa que pode ser visitada - foi aqui que viveu com Carlos. Este ano, já se sabe, os irmãos vão celebrar separados, cada um com o seu agregado. 

"Diana continua a ter impacto"

Fãs e colecionadores de toda a memorabilia relacionada com Diana terão opinião distinta da família: a “princesa do povo” continua a interessar.

“Diana continua a ter impacto, continua a haver documentários feitos sobre ela, histórias escritas sobre ela, as pessoas continuam intrigadas com esta mulher”, diz à Reuters Andrew Morton, autor da biografia de 1992 que, pela primeira vez, revelou os problemas entre Diana e Carlos (com a colaboração secreta da princesa). A eles se destinam artigos, livros, documentários e filmes - produções como “Spencer”, com Kirsten Stewart, o musical “Diana” (muito mal recebido na Broadway) e o documentário “The Princess”, de Ed Perkins (HBO). É também o que nos mostra o interesse que despertam os leilões de objetos ligados à princesa. 

O mais recente exemplo é este: um Ford Escort RS Turbo preto que pertenceu a Diana foi a hasta pública no sábado e arrecadou mais de 755 mil euros. 

O carro em causa, um modelo desportivo com 40 mil quilómetros, da primeira série produzida em preto, não é peça rara. Pode ser adquirido no mercado por qualquer coisa como 10 mil euros. Só não teria sido conduzido entre 1985 e 1988 pelas ruas de Londres pela princesa Diana, com William e Harry sentados no banco de trás. Nem disso haveria fotografias. Ficam assim justificados os (muitos) euros a mais pagos pelo comprador, um licitador dos arredores de Manchester que bateu as ofertas oriundas do Dubai e dos EUA. 

E o carro nem é o mais insólito objeto da órbita de Diana que vai a leilão. Mais de 3 mil euros foram pagos há um ano por uma porção de um dos bolos de casamento preparados para a boda de Carlos e Diana, em 1981. 

E só este ano já foi a leilão um estudo preparatório de um quadro da princesa Diana do artista norte-americano Nelson Shanks, de 1994, arrematado por mais de 200 mil euros enquanto a obra original se mantém na esfera familiar. Foi pintado para a casa da princesa de Gales. Este, como outros objetos que vão a leilão (quase todos), já não estava nas mãos da família de Diana. 

Herdeiros de joias e de um vestido de noiva histórico

William e Harry, que tinham 15 e 12 anos quando a mãe morreu e têm hoje 40 e 37, são os principais herdeiros do fundo deixado por Diana ao lado de uma série de instituições de solidariedade com quem a princesa colaborou. No testamento, Diana deixou objetos pessoais aos 17 afilhados e também 50 mil libras (quase 60 mil euros) ao fiel mordomo. 

O fundo da princesa Diana incluía também o guarda-roupa (e o conhecido vestido de noiva) assim como a coleção de joias. Como a mãe pretendia, e deixou escrito, William e Harry passaram-nas às mulheres para que elas pudessem, “no devido momento, usá-las”. Catherine Middleton usou um anel de safiras como anel de noivado; duas pedras preciosas foram usadas no anel de Meghan Markle. 

Uma última parte da herança de Diana seria dividida igualmente pelos irmãos. Começariam a receber proveitos a partir dos 25 anos e ser-lhes-ia entregue totalmente aos 30, juntamente com alguns objetos pessoais, entre eles o famoso vestido de noiva que esteve à guarda de Charles Spencer após a morta da princesa e correu mundo numa exposição que arrecadou mais de dois milhões de euros que reverteram para instituições de solidariedade.

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