O que estava em causa não era apenas vencer
Este era um dos jogos mais fáceis da história da seleção nacional. E mesmo assim Portugal foi capaz de o perder
Fácil por quê?
Por uma razão simples: havia algo mais importante do que o resultado.
Este domingo, em Aveiro, o mais importante era olhar para a seleção e confiar que existe futuro. Olhar para ali e perceber que o selecionador digeriu o Brasil e compreendeu qual é o trabalho que tem pela frente.
O que nos dizem o onze e o banco de Portugal? Paulo Bento está convencido de que a sua principal tarefa é qualificar a seleção para o Euro 2016. Em condições normais, seria. Mas cada vez mais desconfio que não é exatamente isso que está em causa. É um pouco mais complicado.
Há dois meses deixei uma ideia: esquecer o Euro 2016 e saltar já para o Mundial 2018. E também embirrei com a ideia de avançar para a renovação, só porque sim.
Depois de ver este jogo da seleção começo a pensar se o problema não é de facto mais grave do que se pensava e se por isso não valeria a pena ir mais fundo na alteração de rostos. Afastar os que já têm 30 ou 31 anos e dar tempo e experiência a jogadores que estarão em condições de defender a seleção no Mundial 2018.
Voltando a Aveiro, este era um jogo em que Paulo Bento (só...) precisava de convencer as pessoas, dar-lhes sinais. Mas não foi esse o caminho que escolheu. Na defesa, João Pereira e Ricardo Costa voltaram a ser titulares. Nada contra, não fizeram pior do que os outros. Mas dificilmente haveria melhor oportunidade para dar minutos e confiança a futebolistas como André Almeira, Neto ou Vezo, por exemplo. Na frente, escolher Vieirinha em vez de Horta ou Bruma simplesmente não faz sentido. Deixar o jogador do Galatasaray fora dos 23 é ainda menos compreensível.
Paulo Bento tentou ficar a meio da ponte. Nem demasiados jovens, nem fim de ciclo. Percebo a ideia. Mas não era isso que os portugueses esperavam, não acredito que seja isso que o futebol português necessita e, seguramente, não foi a melhor opção para o próprio treinador.
Este foi o treinador que em condições complicadas, no Sporting, foi capaz de lançar jogadores jovens, assim contribuindo, e não foi pouco, para ajudar a seleção portuguesa (Patrício, Veloso, Moutinho e Nani, lembram-se?). É desse Paulo Bento que a seleção necessita. Ontem era tarde.
