Euro 2024: França-Bélgica, 1-0 (crónica)

1 jul, 19:03

Paciência de francês

Com muita paciência e pouco risco, a França controlou a Bélgica e matou a eliminatória, com um autogolo, mais um, já perto do final, quando os Diabos Vermelhos já não tinham muito tempo para responder.

Um duelo entre vizinhos marcado por extremo equilíbrio tático, mas com Didier Deschamps a mexer melhor nas suas peças na parte final do jogo. A França chega aos quartos de final sem marcar um golo de bola corrida, somando um penálti, convertido por Mbappé, além de dois autogolos em quatro jogos.

Confira o FILME DO JOGO

Foi o 76.º jogo entre os dois vizinhos que já se conhecem muito bem. Foi, portanto, um início de jogo com muitas cautelas, muita paciência de parte a parte, pouco risco e, por consequência, escassas oportunidades. Didier Deschamps, apenas com um golo marcado na fase de grupos, refrescou o ataque com o regresso de Griezmann para o apoio direto a Kylian Mbappé e Marcus Thuram. Domenico Tedesco, por seu lado, também mexeu na frente, juntando Openda a Lukaku, deslocando Carrasco e Dokú para os corredores, procurando tirar proveito das transições rápidas.

A França procurou assumir as rédeas do jogo, com mais posse de bola, rodando a bola junto à área de Casteels, caindo muitas vezes para a direita, onde aparecia muitas vezes Koundé destacado a atacar a profundidade. A Bélgica, por seu lado, procurava oportunidades para ferir o adversário em transições rápidas e estava bem artilhada para isso, com Lukaku e Openda a aparecerem muitas vezes apenas com os centrais franceses pela frente.

O mais importante, na primeira parte, era não perder a bola e aguardar por erros do adversário. Foi, portanto, uma primeira parte com muita estratégia e poucas emoções. Kevin de Bruyne, na marcação de um livre, quase surpreendeu Maignan, que defendeu, por instinto, com os pés, mas a melhor oportunidade da primeira parte foi da França, num cruzamento de Koundé, mais um, para cabeçada de Thuram, a rasar a barra.

França aperta o cerco

Já na segunda parte, a França deu um passo em frente, apareceu mais incisiva e obrigou os Diabos Vermelhos a recuar na defesa da sua área. A pressão dos Bleus tornou-se mais asfixiante, com muitos remates de fora da área, mas a verdade é que os belgas, agora, já não conseguiam sair a jogar com tanta facilidade. Tchouaméni obrigou Casteels a aplicar-se para evitar o primeiro golo, Mbappé também tentou a média distância, antes da Bélgica ter a primeira oportunidade nesta segunda parte, com Carrasco, lançado por De Bruyne, a entrar na área destacado. Valeu à França, neste caso, um grande corte de Théo Hernádez,

A França conseguia, agora, muito mais profundidade, mais uma vez, com Koundé em destaque sobre a direta. Uma França mais pressionante, mas que continuava sem conseguir desfazer o nulo. A verdade é que o jogo foi-se arrastando para o final e, a dez minutos do final, já se começava a adivinhar um prolongamento, quando Kolo Muani, que tinha rendido Thuram, virou tudo ao contrário, com um remate que sofreu um desvio nas pernas de Vertonghen e traiu Casteels.

Os franceses festejavam e os belgas cerravam os dentes para dar tudo nos instantes finais. Não valeu a pena, a França, de sorriso aberto, não permitiu que houvesse mais jogo.

Sem jogar muito, sem dar espetáculo, praticamente sem marcar golos, a França lá vai progredindo e até pode ser o adversário de Portugal nos quartos de final. Pelo menos, já fez a sua parte, agora falta a equipa de Roberto Martínez ultrapassar a Eslovénia também esta segunda-feira.

Figura do jogo: Jules Koundé

O ataque da França caiu constantemente para a direita ao longo de todo o jogo, uma vez que o lateral do Barcelona subiu muitas vezes pelo corredor para aparecer nas costas de Dokú, para enfrentar Theate. Os melhores lances do ataque da França saíram, assim, quase sempre dos pés do jovem lateral, com destaque para um cruzamento, ainda na primeira parte, para uma cabeçada de Thuram. Continuou muito ativo na segunda parte e acaba por estar também muito ligado ao lance do golo, numa combinação com N’golo Kanté que permitiu a desmarcação de Kolo Muani.

O momento do jogo: o golo de Kolo Muani aos 85

Cirúrgico. Esta França não dá espetáculo, prefere controlar o adversário até à exaustão e obrigá-lo a cometer erros. Foi assim nos três jogos da fase de grupos, foi agora também assim diante da Bélgica. Uma equipa paciente que espera pela sua oportunidade, mesmo que chegue tarde, como aconteceu esta tarde. Um bom lance desenhando por toda a equipa, com a bola a vir da esquerda para a direita, com Kanté a encontrar Kolo Muani na área e este a rematar, contando com alguma sorte, com a bola a sofrer um desvio nas pernas de Vertonghen e a trair Casteels.

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