"Temos muito mais do que 400 casos. Eu multiplicaria esse número por 10": epidemiologista alerta que covid-19 está a "intensificar-se"

3 jul, 22:39

Manuel Carmo Gomes alerta que o número de casos de covid-19 é superior ao registado e sublinha que o número de óbitos "aumentou de três para 12 em apenas um mês"

O número de casos de covid-19 tem vindo a aumentar a cada dia que passa, registando-se uma média diária de 12 óbitos e perto de 400 novos casos. Mas esses são os casos conhecidos, ressalva à CNN Portugal o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, advertindo que o número é bem maior e que a situação está "a intensificar-se".

"Nós temos muito mais do que 400 casos. Os 400 casos são aqueles de que nós temos conhecimento. Eu multiplicaria este número pelo menos por 10, para estar mais próximo da realidade", indica, apontando que o número de óbitos também aumentou "de três para 12 em apenas um mês", bem como o número de hospitalizações de pessoas infetadas com covid-19, que subiu "30% no último mês".

Neste contexto, o epidemiologista confirma que "existe uma maior circulação do vírus" e que a situação da covid-19 "está a intensificar-se". Manuel Carmo Gomes atribui esta tendência ao facto de "o vírus continuar a evoluir", tendo surgido recentemente "algumas linhagens que têm capacidade para fugir aos nossos anticorpos", que conseguimos através da vacinação.

Isto não significa que as vacinas não estão a fazer efeito, argumenta o epidemiologista. O que acontece é que "a proteção [da vacina] contra a infeção diminui ao longo do tempo", pelo que "passados três, quatro meses" da inoculação, "a quantidade de anticorpos que circulam no nosso sangue diminui para um nível que já não confere proteção contra a infeção".

Mas a vacinação é sobretudo importante para proteger contra a doença mais grave, assinala Manuel Carmos Gomes, referindo-se a complicações nos órgãos internos, como nos pulmões, por exemplo. 

Em síntese, diz, "as vacinas têm de facto limitações no tempo, mas conseguem a proteção contra doença grave".

Neste contexto, o epidemiologista aconselha a população - sobretudo a mais vulnerável, isto é, as pessoas que têm problemas imunitários ou doenças crónicas - a manter a "etiqueta respiratória" sempre que tiverem sintomas e em espaços fechados e mal arejados.

"Nós sabemos como o vírus se transmite - através do ar, por aerossol. Se nós estivermos num ambiente em que o ar não circula, na presença de outras pessoas, e em que algumas podem estar infetadas, nós temos um risco elevado de inalar as partículas virais. E, se isso acontecer, somos infetados, porque neste momento, uma vez que tomámos todos vacinas já há muito tempo, não temos um nível de proteção de anticorpos que evitem infeção", explica.

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