Os documentos confidenciais da TAP foram enviados num CD: é assim tão seguro?

27 abr 2023, 21:24
Votação Orçamento do Estado para 2023 (António Pedro Santos/Lusa)

Ser um meio físico obsoleto por vezes até é conveniente. Até deixar de o ser. A explicação de um especialista

O seu computador ainda tem leitor de CD? Se sim, então podia ler o documento enviado pelo Governo para os deputados sobre o despedimento dos presidentes da TAP. Problema: grande parte dos computadores portáteis  que se vende agora já não têm este leitor, o que faz com que este tipo de meio se vá tornando mais obsoleto.

Apesar de poder parecer estranha, há razões para esta opção. O especialista em cibersegurança Rui Shantilal explica à CNN Portugal que a utilização do CD “elimina alguns riscos”, nomeadamente a exposição a que a informação podia ficar sujeita caso fosse utilizada uma via digital.

“Imaginemos que era enviado por email. Há um administrador de sistemas que consegue ler o email. Com o CD não há esse grau de exposição”, refere o especialista, falando num risco que também é reduzido face a possíveis atos de pirataria.

Apesar disso, destaca Rui Shantilal, o CD também tem inconvenientes: pode ser roubado, destruído, perdido ou até sofrer interferências de campos eletromagnéticos. No fundo, diz, é “uma opção com vantagens e desvantagens”.

E uma dessas vantagens ou desvantagens poderá estar ligada à forma como foi gravada a informação. Gravá-la em “claro” ou de forma encriptada faz toda a diferença, sublinha Rui Shantilal, que vê na opção de utilizar o CD em vez de um meio digital uma mera alteração de meio: passa de um meio digital para um meio físico, com todos os riscos que a isso está associado.

Sobre a prática nos serviços de alta segurança em Portugal, o especialista em cibersegurança acredita que tudo é feito de acordo com o contexto. Rui Shantilal deixa, assim, novo exemplo: “Se quiser levar para um laboratório uma informação para análise, mas quero garantir que não ficam com a informação, levo um CD. Fazem a leitura do CD, trago-o comigo e garanto que não foi nada copiado”.

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