Suspeito do desaparecimento do jornalista britânico e especialista em cultura indígena diz que foi torturado pela polícia

11 jun 2022, 23:24
Bruno Araújo Pereira e Dom Philips

O Ministério Público do Amazonas já fez saber que vai investigar a denúncia

suspeito detido por alegadamente ter estado envolvido no desaparecimento do jornalista britânico Dom Philips e do especialista em cultura indígena Bruno Araújo Pereira, em Atalaia do Norte, disse que foi torturado por agentes de autoridade. De acordo com a CNN Brasil, o Ministério Público do Amazonas já fez saber que vai investigar a denúncia. 

Foi numa audiência que Amarildo Pereira da Costa, de 41 anos, também conhecido como "Pelado", revelou que tinha vítima de violência no momento da sua detenção. A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) informou que também vai investigar os relatos, depois da advogada do suspeito, Thatiana David Borges, ter feito esse pedido. 

Recorde-se que nestas buscas que vão já no sexto dia fazem parte elementos da  da Polícia Federal, Exército, Marinha, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e outras equipas da Secretaria de Segurança Pública. Foi inclusive criado um gabinete de crise para esta operação.

Amarildo da Costa vai ficar preso pelo menos 30 dias, sendo que, dependendo de como correrem as investigações e dos indícios que forem encontrados, esta prisão temporária pode prolongar-se ou passar mesmo a prisão preventiva.  

A autoridades brasileiras encontraram vestígios de sangue que acreditam ser do jornalista e do ativista desaparecidos na Amazónia, mas até ao momento não existe confirmação oficial. O sangue estava na embarcação de Amarildo. 

O caso

Dom Philips, jornalista que colaborava para o "The Guardian", "Washington Post", "New York Times" e "Financial Times", e Bruno Araújo Pereira, funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), estavam em Vale do Javari e desapareceram, a 5 de junho, no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Uma viagem de cerca de duas horas. O objetivo, segundo a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), era entrevistar indígenas numa localidade chamada Lago do Jaburu. 

Os dois estavam a viajar numa embarcação nova, com 70 litros de gasolina, que era suficiente para a travessia que tinham de fazer. Mas nenhum dos dois chegou ao destino final. A última vez que foram avistados foi na Comunidade São Gabriel, abaixo de São Rafael. 

O Vale do Javari é uma extensa região de rios e selva no coração da Amazónia, na fronteira com o Peru, e abriga o maior número de indígenas isolados do mundo. A área está ameaçada pela pesca e mineração ilegal e nos últimos anos tornou-se uma rota de tráfico de drogas.

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