Polícia brasileira já ouviu um suspeito do desaparecimento de jornalista e especialista indígena na Amazónia

8 jun 2022, 10:09
Jornalista britânico e indígena brasileiro desaparecem na Amazónia (Getty Images)

Também já foram ouvidas quatro testemunhas

A polícia do estado do Amazonas ouviu, na terça-feira, um suspeito do desaparecimento do jornalista britânico Dom Philips e do especialista em cultura indígena Bruno Araújo Pereira. Estes dois homens foram dados como desaparecidos no domingo, numa área remota da Amazónia, depois de terem sido alvo de ameaças. 

De acordo com o G1, também já foram ouvidas outras quatro pessoas na qualidade de testemunhas. Até ao momento, não foram feitas quaisquer detenções no âmbito deste caso. 

Dom Philips, jornalista que colaborava para o "The Guardian", "Washington Post", "New York Times" e "Financial Times", e Bruno Araújo Pereira, funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), estavam em Vale do Javari e desapareceram no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Uma viagem de cerca de duas horas. O objetivo, segundo a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), era entrevistar indígenas numa localidade chamada Lago do Jaburu. 

Os dois estavam a viajar numa embarcação nova, 40 HP, 70 litros de gasolina, o quer era suficiente para a travessia que tinham de fazer. Mas nenhum dos dois chegou ao destino final. A última vez que foram avistados foi na Comunidade São Gabriel, abaixo da São Rafael. 

O Vale do Javari é uma extensa região de rios e selva no coração da Amazónia, na fronteira com o Peru, e abriga o maior número de indígenas isolados do mundo. A área está ameaçada pela pesca e mineração ilegal e nos últimos anos tornou-se uma rota de tráfico de drogas.

As ameaças

A Univaja referiu, em comunicado, que Dom Philips e Bruno Araújo Pereira foram alvo de várias ameaças no terreno. "Enfatizamos que na semana do desaparecimento, conforme relatos dos colaboradores da Univaja, a equipe recebeu ameaças em campo. A ameaça não foi a primeira: outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da Univaja, além de outros relatos já oficializados para a Policia Federal, Ministério Público Federal em Tabatinga, ao Conselho Nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International", afirmou a associação.

A polícia do Amazonas garantiu, em comunicado, que estão a ser "tomadas todas as medidas cabíveis para auxiliar na elucidação do caso, em colaboração ao Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF) e Funai". 

As buscas, que estão sob a coordenação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, envolvem elementos do Exército, Marinha, Polícia Civil e bombeiros. O número de militares envolvidos não foi divulgado. O ministro Anderson Torres tem colocado atualizações sobre o caso no Twitter. 

Bolsonaro não descarta execução 

O presidente do Brasil desejou que estes dois homens sejam encontrados, não descartando, no entanto, que possam ter sido executados. Em entrevista ao canal de televisão SBT, Jair Bolsonaro falou em possível imprudência.

"Realmente, duas pessoas num barco, numa região tão selvagem, não é recomendado", disse, acrescentando ainda que naquela área "tudo pode acontecer".

"Pode ter sido um acidente, pode ser que eles tenham sido executados. (...) Esperamos e rogamos a Deus que sejam encontrados em breve".

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