Suspeito do desaparecimento do jornalista britânico e especialista em cultura indígena vai ficar preso 30 dias (mas podem ser mais, entenda porquê)

CNN Portugal , FMC
10 jun 2022, 23:23
Bruno Araújo Pereira e Dom Philips

A juíza decretou prisão temporária para Amarildo Pereira da Costa - que normalmente são apenas cinco dias -, mas esta pode ser prolongada ou passar a prisão preventiva. Entenda porquê

O suspeito detido na quarta-feira - por alegadamente ter estado envolvido no desaparecimento do jornalista britânico Dom Philips e do especialista em cultura indígena Bruno Araújo Pereira - vai ficar preso pelo menos 30 dias. A notícia foi avançada esta sexta-feira pelo jornal O Globo.

A medida foi decretada quinta-feira pela juíza Jacinta Silva dos Santos. No entanto, dependendo de como correrem as investigações e dos indícios que forem encontrados, esta prisão temporária pode prolongar-se ou passar mesmo a prisão preventiva. 

Ao Globo, o procurador de Atalaia do Norte, Elanderson Lima, explicou que, inicialmente, a juíza concedeu liberdade provisória a Amarildo Pereira da Costa, com medidas cautelares, mas com as provas conseguidas até agora e ainda com base na "sintonia" do depoimento de duas testemunhas, acabou por decretar uma prisão temporária.  

Por norma, as prisões temporárias no Brasil costumam ser de cinco dias, mas uma vez que o crime pelo qual Amarildo está a ser investigado tem contornos graves, esta foi prolongada por 30 dias. 

O testemunho que tramou Amarildo 

Recorde-se que quando foi realizada uma busca na embarcação do suspeito, foram encontrados vários vestígios de sangue que foram, entretanto, enviados para análise. No entanto, ainda não existe informações se se tratava de sangue humano ou animal. Segundo o jornal, Amarildo foi visto por duas testemunhas a sair da comunidade de São Rafael logo após a saída do jornalista Dom Phillips e de Bruno Araújo Pereira.

Até agora já foram ouvidas oito testemunhas. Uma delas afirmou que viu o suspeito e outra pessoa a perseguir o barco onde viajavam Phillips e Araújo Pereira. Esta mesma testemunha referiu ainda que passado um tempo viu o barco passar e lá dentro seguia Amarildo. 

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, determinou esta sexta-feira que o governo federal adote "todas as medidas necessárias" para encontrar os dois desaparecidos e que a segurança no local seja assegurada. Pediu ainda que seja apresentado um relatório sigiloso num prazo máximo de cinco dias com todas as providências tomadas e com as informações recolhidas. 

Caso tal não seja concretizado, será aplicada uma multa diária de cerca de 100 mil reais (cerca de 19 mil euros). O ministro advertiu que é necessária uma atuação efetiva do Estado para que a Amazónia não se torne uma "terra sem lei", noticia a CNN Brasil.

O caso

O jornalista Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira, funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai) estão desaparecidos desde domingo, dia 5. Sabe-se que estavam em Vale do Javari e desapareceram no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte. Esta é uma região considerada perigosa. 

Segundo a União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja), tinham como objetivo entrevistar indígenas numa localidade chamada Lago do Jaburu. Numa nota, a organização indicou que os dois nunca chegaram ao destino. 

A organização confirmou, em comunicado, que Dom Philips e Bruno Araújo Pereira foram alvo de várias ameaças no terreno.

As buscas mantém-se e o governo brasileiro anunciou que 250 militares, duas aeronaves, três drones, 16 embarcações e 20 automóveis foram destacados para a operação. 

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