Banco já preanunciou o regresso aos dividendos no próximo ano. E aponta à maior distribuição de lucros aos acionistas desde 2010. Próximo plano estratégico poderá elevar payout para 50%
O ano corre bem aos bancos e o BCP não é exceção. Viu o lucro multiplicar por sete no primeiro semestre à boleia da subida das taxas de juro. O bom desempenho permitiu ao CEO Miguel Maya preanunciar o regresso do banco aos dividendos no próximo ano. Mas quanto dos lucros deste ano é que vão para os acionistas? Em cima da mesa estará o maior payout desde 2010.
Pelo menos foi o que revelou o administrador financeiro, Miguel Bragança, na conferência de analistas que teve lugar na passada sexta-feira, um dia após o banco apresentar resultados líquidos de 423,2 milhões de euros na primeira metade do ano.
O responsável frisou que ainda é cedo para dizer qual será o dividendo e lembrou que proposta ainda terá de ser tomada pelo conselho de administração, mas já antecipou o que o mercado poderá esperar em termos de remuneração acionista no próximo ano.
“O dividendo, provavelmente, estará entre o dividendo que tivemos da última vez, que foi um payout baixo, e os 40%. Exatamente onde vai estar nesse intervalo, vai ser decidido no foro apropriado e não quero antecipar”, adiantou Miguel Bragança aos analistas.
A última vez que o BCP pagou dividendos foi no ano passado, por conta do exercício de 2021, com 13,6 milhões de euros de lucros a irem para os bolsos dos acionistas, correspondendo a um dividendo por ação de 0,09 cêntimos e a um payout de cerca de 10%.
O dividendo, provavelmente, estará entre o dividendo que tivemos da última vez, que foi um payout baixo, e os 40%. Exatamente onde vai estar nesse intervalo, vai ser decidido no foro apropriado e não quero antecipar", Miguel Bragança, CFO do BCP.
Por outro lado, os 40% de payout correspondem a uma meta que o banco se tinha comprometido no plano estratégico para 2018-2021 e que não veio a atingir. Esse objetivo já não consta no atual plano estratégico que termina no próximo ano.
Ou seja, se as palavras do CFO se concretizarem, o banco poderá fazer a maior entrega de dividendos aos acionistas desde 2010, ano em que o payout atingiu os 39,36%. Depois disso houve uma longa travessia no deserto no que diz respeito a dividendos, até porque a instituição esteve impedida de o fazer durante o período de reestruturação. Só em 2019 é que regressou aos dividendos, com um payout de 10%, antes de a pandemia impor nova restrição.
O banco chegou a junho com uma rentabilidade dos capitais próprios (ROE) superior a 16%. A melhoria dos resultados tem impulsionado o BCP na bolsa, com as ações a apresentarem uma das maiores valorizações este ano no PSI, e com um dos melhores desempenhos financeiros entre os seus pares.
Os resultados alcançados no primeiro semestre também abrem caminho para que o BCP volte a remunerar os acionistas, como disse Miguel Maya aos jornalistas: “É normal pagar dividendos. É expectável que o banco pague dividendos. E é essa claramente a nossa intenção em 2024”.
BCP volta aos dividendos em 2024
Banco quer regressar aos dividendos no próximo ano. E pode fazer maior payout desde 2010.
Próximo objetivo: metade dos lucros para os acionistas
O banco apresentará em 2025 o novo plano estratégico. O atual plano já tem as metas cumpridas um ano antes do fim. De acordo com Miguel Bragança, o BCP quer estar entre os melhores bancos na Europa, incluindo no capítulo dos dividendos a um nível que mantenha a solidez financeira da instituição, mas permita remunerar os investidores de “forma apropriada”, segundo disse aos analistas.
“É razoável esperar um payout próximo do que vemos em outros excelentes bancos europeus. Ou seja, eu diria em torno de 50%, mas isso é uma coisa que vamos comunicar ao mercado”, revelou o administrador financeiro.
Miguel Bragança, que tinha sido questionado sobre as possibilidades em cima da mesa em relação ao elevado nível de capital que tem, explicou aos analistas que o BCP quer estar ao lado dos melhores: “O nosso benchmark são os melhores bancos da Europa em todas estas dimensões. E achamos que, estando perto desse benchmark, poderemos também remunerar os investidores com dividendos de forma adequada”.
Quanto ao capital, de resto, disse que é o mercado que está a exigir aos bancos que tenham rácios elevados face aos riscos que têm e, nessa medida, defendeu que o BCP deve olhar para os “rácios de capital dos bancos com rating de grau de investimento, que são considerados excelentes no contexto europeu”. “Queremos ser vistos como uma referência, queremos ser um banco com grau de investimento”, atirou.