Estudante que planeou ataque em Lisboa homenageia homicidas célebres nas redes sociais 

11 fev 2022, 18:30

Nas publicações e comentários mostrava desprezo pela vida e, quando cometesse o atentado, que faria dele "um herói", estava preparado para morrer

O jovem estudante de engenharia preso por planear um ataque à Universidade de Lisboa tinha fascínio pela figura de homicidas cujos nomes ficaram conhecidos na sequência dos crimes, cometidos no estrangeiro ou em Portugal.

Numa rede social tinha como foto de perfil a imagem de Timothy O'Brien Smith, norte-americano que assassinou dois homens e duas mulheres num parque de lavagem de automóveis, no estado da Pensilvânia. Também numa publicação numa rede social fez referências a um português que, em 1988, assassinou quatro pessoas no quartel da GNR na Ajuda, em Lisboa.

Das pesquisas que fazia na Internet, tinha preferência pelas frases "mass shooting" e "school shooting" - referentes aos homicídios em massa cometidos em escolas americanas.

Nas publicações e comentários mostrava desprezo pela vida e, quando cometesse o atentado, que faria dele "um herói", estava preparado para morrer - de preferência às mãos da polícia, como muitas vezes vê acontecer nos Estados Unidos.

O estudante planeava um ataque à Faculdade de Ciência da Universidade de Lisboa (FCUL). Tinha como objetivo cometer o maior número possível de homicídios sobre colegas universitários, de forma indiscriminada, num dia em que decorriam exames de segunda fase, juntando centenas de alunos. O plano seria aplicado esta sexta-feira.

O suspeito foi entretanto detido pela Polícia Judiciária, que, através da Unidade Nacional de Contraterrorismo, seguiu as pistas do FBI e conseguiu uma identificação e morada. Esta quinta-feira, após realizar uma busca à casa do jovem, confirmou que este detinha um plano pormenorizado do ataque, "com os detalhes da ação criminal a desencadear". No quarto tinha também várias armas brancas (facas, catanas e uma besta com dardos de aço), botijas de gás, garrafas com gasolina e isqueiros. 

Vai ficar em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Lisboa, sem internamento. Segundo apurou a CNN Portugal, a juíza de instrução validou a indiciação por terrorismo. Em causa está continuação de atividade criminosa e alarme social.

Jorge Pracana, advogado do jovem suspeito, vai contestar a medida de coação de prisão preventiva, aplicada esta sexta-feira: "Aguardo o envio de alguns documentos que acho que poderão ser úteis à reversão da decisão".

"Este processo vai fazer história no país. É o primeiro e espero que seja o último", afirmou, em declarações aos jornalistas à porta do Campus de Justiça, acrescentando: "Se será terrorismo? Não sei".

 

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