"Atos terroristas falhados não devem ser divulgados": ex-diretora do DCIAP critica PJ

CNN Portugal , BMA
11 fev 2022, 18:58
Cândida Almeida

Cândida Almeida diz que houve uma situação semelhante há alguns anos e que nunca foi divulgada.

A ex-diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) Cândida Almeida criticou a ação da Polícia Judiciária ao divulgar o alegado planeamento de um ato terrorista contra a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.  "Os atos terroristas falhados não devem ser divulgado", começa por dizer Cândida Almeida em entrevista à Rádio Renascença

A antiga diretora do DCIAP disse, inclusive, ter ficado surpreendida e explicou que este tipo de divulgação  "imprime outra força" aos atos e pode mesmo levar a que outros pensem fazer o mesmo. Cândida Almeida criticou, por isso, a forma como este caso foi tratado, considerando mesmo que foi "contraproducente" porque cria o pânico e terror na sociedade.

"A sociedade está a atravessar uma fase calma e isto veio criar um alerta, que já se viu nos jovens, pais e professores", explicou, adiantando que houve uma situação semelhante há alguns anos e que nunca foi divulgada. "Se ficarmos por aqui, foi um ato desnecessário", considera  Cândida Almeida, após explicar que esta divulgação pode ter na sua origem a tentativa de apanhar cúmplices do jovem e que só perante uma situação excecional se justificaria a divulgação desta intenção.

Um jovem de 18 anos, suspeito de planear um ataque à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, ficou esta sexta-feira em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional de Lisboa. Segundo apurou a CNN Portugal, a juíza de instrução validou a indiciação por terrorismo. Em causa está continuação de atividade criminosa e alarme social.

O suspeito foi presente a interrogatório e foi ouvido ao início da tarde desta sexta-feira no Tribunal Central de Instrução Criminal. Remeteu-se ao silêncio e não prestou declarações.

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