"Se fosse crente, diria que era um milagre". Costa, que em novembro afastava a vida política ativa, está agora no Conselho Europeu

28 jun, 17:28

Na primeira declaração aos jornalistas, depois da escolha para a presidência do Conselho Europeu, António Costa reconhece que “muita água correu no Tejo” desde o dia da demissão, quando afastou continuar na vida política ativa. Agora, com o cargo em Bruxelas, o ex-primeiro-ministro português insiste na necessidade de consensos, sem esquecer uma resposta ao Presidente da República

António Costa definiu esta sexta-feira como “um milagre” ir agora ocupar a presidência do Conselho Europeu, depois de em novembro passado ter afastado voltar a ter cargos políticos, aquando da sua demissão.

"Se eu fosse crente, por ventura, diria que era um milagre. Mas a vida é feita de mudança e muita água correu no Tejo desde esse dia. Acho que hoje, manifestamente, estamos numa situação diferente”, afirmou em Bruxelas.

Aos jornalistas, Costa disse antes compreender o voto contra de Itália à sua nomeação como novo presidente do Conselho Europeu e insistiu na necessidade de “consensos” para levar a cabo as suas novas funções em Bruxelas.

“Compreendo perfeitamente o voto da primeira-ministra de Itália, com quem colaborarei com uma enorme proximidade”, afirmou, quando questionado sobre o voto contra de Itália à sua nomeação, nas suas primeiras declarações aos jornalistas em Bruxelas como novo presidente do Conselho Europeu.

O ex-primeiro-ministro português vincou que “o Conselho não é propriamente uma agremiação de tecnocratas”, considerando “normal” que tenha existido oposição à sua escolha para o cargo.

“O presidente do Conselho tem de respeitar todos”, insistiu. Para Costa, “o grande esforço” daqui em diante é, “apesar das diferenças políticas”, “sermos capazes de, em conjunto tomar decisões”.

Confrontado sobre as declarações do Presidente da República, com Marcelo Rebelo de Sousa a argumentar que o nome de Costa tinha a vantagem de agradar a uma direita mais conservadora, o ex-primeiro-ministro referiu que “toda a gente sabe” qual é a sua família política.

Contudo, continuou, “o presidente do Conselho tem de saber colocar-se acima das famílias políticas”. Citando Mário Soares, reforçou: “O presidente do Conselho tem de ser de todos aqueles que se sentam no Conselho Europeu.”

Costa irá iniciar funções até 1 de dezembro. Teve já uma reunião com o secretariado-geral do Conselho Europeu e irá também reunir-se com o presidente em funções, Charles Michel, para uma transição de pastas. Até lá, vai fazer algo que já não faz desde a faculdade: tirar umas semanas “largas, consecutivas” de férias.

No início da declaração aos jornalistas, Costa considerou a nomeação um “voto de confiança” que o honra, destacou a rapidez da decisão e disse querer também “contribuir para o prestígio do nosso país”.

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