Depois do Brexit, o Dexit? Líder da extrema-direita alemã admite referendo à permanência na União Europeia

22 jan, 18:32
Alice Weidel (AP)

Para já, tal cenário parece muito distante. Os restantes partidos alemães continuam a impor um “cordão sanitário” à AfD, impedindo-a de entrar em qualquer governo, quer nacional, quer estadual. Para além disso, os alemães são dos povos mais pró-UE do continente

O Reino Unido efetivou o Brexit, Marine Le Pen já namorou o Frexit e Geert Wilders, cujo partido venceu as mais recentes legislativas neerlandesas, é um acérrimo defensor do Nexit. Agora, é a extrema-direita alemã a admitir um referendo à permanência do país na União Europeia.

Em entrevista ao Financial Times, Alice Weidel, líder do partido Alternativ fur Deutschland (AfD), disse que o referendo britânico de junho de 2016 foi “absolutamente correto”.

“É um modelo para a Alemanha, poder tomar uma decisão soberana como esta", explicou a líder do partido.

Caso chegue ao governo, a AfD vai propor primeiro eliminar aquilo que diz ser o “défice democrático” do bloco, nomeadamente da Comissão Europeia, que classifica como um “executivo não eleito”.

"Mas se uma reforma não for possível, se não conseguirmos reconstruir a soberania dos Estados-membros da UE, devemos deixar que o povo decida, tal como fez o Reino Unido. E poderíamos fazer um referendo sobre o Dexit - uma saída alemã da UE”, disse Weidel.

Para já, tal cenário parece muito distante. Os restantes partidos alemães continuam a impor um “cordão sanitário” à AfD, impedindo-a de entrar em qualquer governo, quer nacional, quer estadual. Para além disso, os alemães são dos povos mais pró-UE do continente.

Citada pelo Financial Times, uma sondagem da Fundação Konrad Adenauer, levada a cabo de junho a setembro de 2023, concluiu que mais de metade dos eleitores da AfD, 55%, eram a favor da permanência na União Europeia. Quanto aos principais partidos, o SPD e a CDU, a percentagem de apoiantes da continuidade no bloco dispara para os 96% e 94% respetivamente.

Apesar de aparecer em segundo lugar em muitas sondagens, atrás da CDU, Weidel reconhece que será muito difícil chegar ao poder em breve e diz ao Financial Times que esse cenário é irrealista “até pelo menos 2029”. No entanto, diz que é “inevitável”.

"A CDU não será capaz de manter a sua barreira a longo prazo", afirmou, referindo-se ao partido da ex-chanceler Angela Merkel. "As eleições do ano passado no estado de Hesse mostraram que podemos formar uma clara maioria de direita. E a CDU não pode recusar-se a aceitar isso a longo prazo, especialmente nos estados do leste da Alemanha."

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