O que é o SWIFT e porque tantos governos pedem a saída da Rússia deste sistema

25 fev 2022, 09:11

Isolar os bancos russos tem vantagens e desvantagens. Reino Unido e Canadá são favoráveis a esta medida, EUA e Alemanha não

Os apelos multiplicam-se. Desde o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, passando pelos primeiros-ministros do Reino Unido e Canadá, até aos ministros dos Assuntos Exteriores da Letónia, Estónia e Lituânia: muitos governantes pedem à comunidade internacional a expulsão da Rússia do SWIFT.

Mas o que é o SWIFT? E porque é que tantos governos estão a pedir a saída dos russos deste sistema?

O SWIFT é uma sociedade, com sede na Bélgica, que atua como uma espécie de fundação para o sistema bancário internacional, conectando cerca de 11 mil bancos, firmas e empresas em 200 países. Por este sistema passam biliões de euros de transações financeiras todos os dias, que ficam registadas em recibos digitais que as detalham.

A expulsão da Rússia deste sistema é vista como uma opção nuclear, que isolaria o país do sistema financeiro internacional, dificultando a sua interação no comércio mundial e provocando um verdadeiro terramoto na economia russa. Os bancos russos, já sancionados, iriam ser os maiores prejudicados, já que as alternativas, como a transação direta entre bancos ou a migração para outros sistemas, levariam a grandes atrasos na condução de negócios.

Atualmente, cerca de 300 instituições financeiras russas, metade da totalidade, estão integradas neste sistema. Como alternativa, a Rússia tem o seu próprio sistema doméstico, o SPFS, e um sistema de pagamentos com cartão, o Mir.

Apesar de vários países ocidentais terem manifestado a intenção de bloquear a Rússia do SWIFT, vários governantes descartaram essa hipótese. No seu discurso de quinta-feira à noite, Biden disse que essa não era uma opção “para já”. Também o chanceler alemão, Olaf Scholz, líder de um dos países europeus mais dependentes da Rússia, afastou essa possibilidade.

Um dos motivos pelos quais algumas potências ocidentais têm receio em aplicar esta medida é o facto de que, caso a Rússia fosse efetivamente excluída deste sistema, os credores do lado ocidental veriam dificultada a devolução do dinheiro por parte dos devedores russos.

Caso avance, esta não seria a primeira vez que um país seria excluído do SWIFT. Entre 2012 e 2016, o Irão foi banido desse sistema pela própria fundação, a pedido do Ocidente.

"Banir a Rússia do SWIFT seria o mais eficaz"

À CNN Portugal, o economista Nuno Mello afirmou que o principal objetivo desta eventual sanção seria “fazer uma asfixia económica à Rússia”.

“O objetivo principal é fazer uma asfixia económica à Rússia. Banir a Rússia do sistema de pagamentos SWIFT seria o mais eficaz”, disse.

No entanto, Nuno Mello deixou um alerta aos países da União Europeia mais dependentes da Rússia, como é o caso da Alemanha, Itália e Finlândia, “que fazem grandes importações não só de petróleo, mas também, e sobretudo, de gás natural”, que poderiam ser altamente prejudicados por esta sanção.

O economista adianta ainda que os pacotes de sanções aprovados pelo Ocidente vão afetar também bancos europeus e americanos, dando o exemplo do UniCredit, “que tem uma grande exposição à Rússia”, e ainda empresas, como a Renault, cujo segundo maior importador é o mercado russo.

Pode seguir todos os eventos da invasão russa à Ucrânia, 24 sobre 24 horas, aqui na CNN Portugal.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados