"Portugal não terá consequências diretas de eventuais contramedidas russas": a explicação de Augusto Santos Silva

23 fev 2022, 22:01

O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu que Portugal não vai dar um passo atrás no que toca às sanções à Rússia: "Participamos nas decisões e é assim que somos conhecidos e respeitados"

Se a situação económica de Portugal se agravar por causa das sanções à Rússia - como por exemplo o aumento dos preços da energia e do gás -, o que é que Portugal vai fazer? Mantém as sanções? Foi este o pontapé de partida para a entrevista desta noite com o ministro dos Negócios Estrangeiros no Jornal das 8, da TVI. Na resposta, Augusto Santos Silva disse não acreditar que Portugal venha a sofrer "consequências diretas" de eventuais "contramedidas russas" e garantiu que não vai deixar de acompanhar os parceiros europeus nas sanções a ser aplicadas. 

"Nós somos parte da União Europeia, somos parte de NATO, participamos nas decisões, que neste caso se tomam por unanimidade, e é assim que nós somos conhecidos e respeitados. (...) Portugal não terá consequências diretas de eventuais contramedidas russas que significassem reduzir substancialmente o fornecimento de gás à Europa", explicou. 

Santos Silva relembrou ainda que, no ano passado, Portugal não importou nenhum gás da Rússia, apenas petróleo, e que "os nossos fornecedores principais estão noutras geografias". "É preciso ter em atenção que mais de metade da eletricidade em Portugal já provém de fontes renováveis de energia", acrescentou. 

O ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu, no entanto, que caso haja uma subida na conflitualidade isso só vai provar que os europeus têm de diversificar os seus fornecedores de forma a serem "menos dependentes" da Rússia. 

Entre as várias sanções que vão ser aplicadas aos bancos e ao Estado russo há também uma lista composta por centenas de cidadãos que vão sair prejudicados. Questionado sobre se alguns deles têm negócios em Portugal, Santos Silva respondeu: "Se tiverem, os seus ativos financeiros estão congelados e deixam de ter liberdade de movimentos em Portugal porque deixam de ter liberdade de movimentos na União Europeia".

O governante garantiu que, por enquanto, não estão previstas ações no terreno por parte da NATO e que o objetivo, nesta fase, é "aumentar a capacidade de dissuasão". "Neste momento estamos num conflito entre Rússia e Ucrânia, no qual a Ucrânia é a parte agredida - que não haja dúvidas sobre isso - e a parte agressora é a Rússia. Mas a Ucrânia não é membro da NATO, portanto não é um conflito entre a Rússia e a NATO", salientou o MNE.

Na ótica de Augusto Santos Silva, a Rússia "deu um passo muito preocupante" na segunda-feira com o reconhecimento das repúblicas populares das regiões separatistas ucranianas. Esta decisão, defendeu, representa uma "violação de duas regras básicas da ordem internacional": o respeito pela integridade territorial de cada país e o respeito pela soberania uns dos outros.

Sobre os 202 portugueses e lusoucranianos na Ucrânia, assegurou que a situação é controlada diariamente e que o Governo sabe "onde estão, como estão e como podem sair do sítio onde estão". 

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