Covid-19. Um novo teste pode ajudar a revelar se é imune

CNN Portugal , HCL
14 jun 2022, 19:12
Teste de Células T

Novo estudo publicado na revista Nature Biotechnology mostra como uma versão simplificada do teste de células T para o vírus SARS-CoV-2 consegue obter resultados em menos de 24 horas

Um grupo internacional de investigadores desenvolveu recentemente uma ferramenta diferente para ajudar a avaliar a imunidade à covid-19. É uma análise ao sangue que pode medir células T, glóbulos brancos que funcionam lado a lado com os anticorpos para montar uma resposta imunitária, segundo um novo estudo publicado na revista científica Nature Biotechnology.

O teste de células T para o vírus SARS-CoV-2 não é totalmente novo - o regulador norte-americano FDA concedeu autorização de utilização de emergência para outro teste de células T, chamado T-Detect, no ano passado - mas tende a ser trabalhoso e demorado, diz o coautor do estudo Ernesto Guccione, professor de ciências oncológicas no Tisch Cancer Institute de Nova Iorque. A equipa que realizou o projeto teve como objetivo simplificar o teste já disponível, utilizando tecnologia que é amplamente acessível e pode mostrar resultados em menos de 24 horas, avança a revista TIME.

O processo começa com a mistura de uma amostra de sangue de uma pessoa com material do vírus SARS-CoV-2. Se existirem células T específicas da covid no sangue, estas vão reagir ao material viral e produzir uma substância que pode ser detetada através da tecnologia de reação em cadeia da polimerase (PCR), como aquela que já é utilizada para realizar testes de diagnóstico. Os níveis medidos desse composto servem como um substituto para a imunidade celular.

Em Portugal, os testes de imunidade que permitem avaliar a presença de anticorpos específicos para o SARS-CoV-2 e avaliar o sistema imunitário e a reação às variantes existentes já estão amplamente disponíveis. Então, qual a razão de testar as células T? Segundo Ernesto Guccione, os “testes de anticorpos só contam parte da história, uma vez que as células T são também uma peça crítica da resposta imunitária do corpo”. Assim, enquanto os níveis de anticorpos diminuem significativamente dentro de poucos meses após a vacinação ou infecção, a imunidade celular pode durar até um ano, acrescenta o autor do estudo. 

"Esta monitorização vai-nos dar uma imagem muito mais clara [da imunidade] e espera-se que desempenhe um papel nas estratégias de revacinação", afirma Guccione, sublinhando que a ampla utilização deste teste poderá ajudar a definir quanto tempo dura a proteção e com que frequência são necessárias doses de reforço.

Além disso, algumas pessoas imunocomprometidas não produzem anticorpos - mesmo após múltiplas doses de vacina - mas normalmente têm alguma resposta das células T. Os testes com células T podem ajudar essas pessoas a saber se têm alguma defesa contra a covid-19.

Há limites para o que o teste pode revelar, no entanto. Os especialistas ainda estão a tentar encontrar os chamados "correlatos de proteção" para covid-19, indicadores mensuráveis que sugerem que um indivíduo está suficientemente protegido e que é pouco provável que adoeça. Por enquanto, os testes de anticorpos ou células T não podem dar uma resposta de sim ou não sobre se é seguro ir, por exemplo, a um concerto ou a uma festa sem medo de apanhar o vírus, “apenas fornece à população mais um ponto de dados a ter em conta no seu cálculo de risco”, destaca Ernesto Guccione.

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