Nova regra de isolamentos nas escolas “foi mais um erro crasso a somar a outros”, aponta relatório

26 jan 2022, 14:52
Escola

Relatório do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa diz que foi a recente medida de relaxamento dos isolamentos nas escolas foi “tomada sem fundamentação epidemiológica”

Numa altura em que Portugal tem mais de um milhão de pessoas em isolamento - por contágio ou contacto de risco com um infetado - e as escolas continuam a somar novos surtos todos os dias, um novo relatório vem apontar a recente medida de relaxamento dos isolamentos nas escolas como “um erro crasso a somar a outros”.

Segundo o relatório Situação dos indicadores de Risco em Portugal, levado a cabo pelo Grupo de trabalho de acompanhamento da pandemia de COVID-19 em Portugal - 2022 do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa e pela Ordem dos Médicos, e ao qual a CNN Portugal teve acesso, a medida foi "tomada sem fundamentação epidemiológica, sem base em modelos, e sem avaliação de real impacto”. Com esta medida, as crianças que contactem com um caso positivo não ficam em isolamento.

Dizem os especialistas que redigiram o documento e que avaliam a situação de risco da pandemia em Portugal que a medida em causa “provocou um número de isolados muito superior ao que seria expectável com as regras anteriores devido à expansão de contágios que provocou, sendo inútil (contrária) na redução de isolamentos e tendo um impacto muito severo na população em geral”.

Atualmente, Portugal é dos países com mais novos casos por dia e, só nos últimos sete dias, 54.683 crianças com idades entre os 0 e os 9 anos foram infetadas. Desde 17 de janeiro, uma semana após o regresso às aulas, a média de infeções diárias entre esta faixa etária atingiu ultrapassou a barreira das 7.800 infeções. Ao todo, ficaram infetados mais de 100 mil crianças e jovens desde que as escolas reabriram no início do ano.

Para os peritos que assinam o relatório, a medida de relaxamento do isolamento em escolas “corresponde a um erro de avaliação dos impactos futuros”, Além disso, descrevem-na como “precipitada e laxista” e que “leva ao resultado contrário ao pretendido, foi mais um erro crasso a somar a outros”, dando como exemplo o Natal de 2020.

Com uma estimativa de 1.050.000 isolados para o dia 30 de Janeiro, os especialistas dizem que esta medida imposta nas escolas “terá impacto directo, por exemplo, na participação eleitoral”. Também o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) tinha associado a mudança nas regras das escolas como um dos fatores para a subida de novos casos que se verifica em janeiro e que tem vindo a bater recordes.

De acordo com o mesmo relatório, estima-se que o pico de incidência de novos casos aconteça entre o início e 12 de fevereiro.

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