Japoneses resistem à porta fechada por Van Gaal

27 mar 2001, 21:13

Gritam pela Holanda mas querem ver Portugal no Japão O treinador holandês já havia prevenido. O treino nas Antas foi mesmo à porta fechada, para profunda frustração de uma dezena de japoneses, a quem já bastava a derrota de sábado, em Paris. Reclamaram um autógrafo ou um mero cumprimento, quando os jogadores desapareciam nos acessos ao estádio, mas a organização holandesa negou-lhes o pedido, a que Davids esteve tentado a ceder. No final, até Van Gaal rabiscou nas camisolas laranja.

Van Gaal prometeu e cumpriu. Assim que o autocarro se imobilizou, a dois metros de uma das entradas do Estádio das Antas, as estrelas holandesas, uma a uma, deixaram-se ver por cerca de cinco segundos, não mais, desaparecendo no acesso aos balneários e indiferentes aos apelos de uma plateia ruidosa, maioritariamente japonesa, apesar de colorida de laranja dos pés à cabeça. 

Davids ainda se sentiu tentado a ceder a um pedido de autógrafo, mas o pequeno desvio à trajectória não passou de uma simulação, desfeita no discreto olhar de reprovação de um elemento da comitiva holandesa. Como os outros, desapareceria a uma das portas do estádio, que se fecharia como todas as outras, para um treino secreto, que já havia suscitado a incompreensão e a ira dos jornalistas holandeses, que, incrédulos e inconformados, quiseram tentar perceber da boca de António Oliveira os propósitos de uma sessão do tipo, tão sigilosa. «Você deixou ver o treino, não escondeu nada. Há alguma razão para Van Gaal proceder assim?», perguntaram-lhe na conferência de imprensa. 

Com a selecção holandesa inclausurada no estádio, nada restara para ver, à excepção dos dez japoneses que resistiram à recusa de um cumprimento ou autógrafo, já depois de terem assistido ao treino dos portugueses. Tinham deixado o Japão há dias, assistiram à derrota do seu país, em Paris, diante da França, e não souberam dizer não à tentação de dar um «pulo» ao Porto, antes do regresso, marcado para quinta-feira. Deixaram-se conduzir pelo objectivo declarado de ver a Holanda ganhar, mas admitindo, simpaticamente, que Portugal também merece estar no Japão em 2002. 

Os holandeses já deveriam treinar no relvado das Antas quando os japoneses retiraram da bagagem a bola que os entreteve no escuro e no paralelo do parque de estacionamento. Ficariam por mais uns tempos e reclamariam, à saída dos jogadores, o autógafo que lhes foi negado à entrada. Não custava tentar. Só mais uns «flashes» e uns centímetros de rolo fotográfico. Uma hora mais tarde, sensivelmente, até o inexpressivo Van Gaal rabiscaria sobre as camisolas laranja e folhas de papel, num gesto muito menos natural dos que o precederam. Kluivert, Davids, Zenden e Van der Sar já tinham feito a parte deles, sempre vigiados de muito perto por um elemento da comitiva, que os queria ver discretos e acomodados no autocarro.

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