Humberto quer a mesma alegria

27 jun 2000, 19:50

Equipa mantida em segredo O seleccionador nacional fala em mudança de mentalidade para explicar o sucesso e lança à equipa o desafio de «manter a alegria» que tem demonstrado em campo.

BRUXELAS - Humberto Coelho quer a equipa portuguesa com a mesma alegria que tem apresentado até aqui. 

Reconhecendo que a alteração da mentalidade dos jogadores é um dos principais motivos para que Portugal esteja a fazer o melhor Campeonato da Europa da sua História, o treinador quer mais. Quer a final. 

«Estamos satisfeitos com a forma como a equipa tem trabalhado, mas queremos ir mais longe. É natural que à medida que a prova avança haja um pouco mais de ansiedade, mas temos de encarar este jogo com todos os outros, mantendo a mesma atitude e a mesma ambição», avisa Humberto Coelho. 

Um dos grandes atractivos do encontro de amanhã será o duelo entre Figo e Zidane, dois dos melhores jogadores do Campeonato da Europa. «Será bom para o espectáculo se esses jogadores trouxerem alguma mais-valia às equipas, mas é o colectivo que vai decidir», assegura o seleccionador português, que de qualquer maneira destaca a importância das duas estrelas nas respectivas equipas. «Zidane, como Figo, é muito importante não só pelo que faz mas porque contagia os companheiros e influencia o conjunto.» 

Ainda assim, Humberto Coelho não quer preocupar-se só com um jogador. «Não é só o Zidane, qualquer jogador do meio-campo francês tem argumentos para desequilibrar um jogo: Vieira, Deschamps, Petit, Djorkaeff... Estamos atentos e não vamos ser surpreendidos.» 

«Mudou a mentalidade» 

A imprensa europeia revelou-se surpreendida com o comportamento dos portugueses. Não tanto pelo facto de os jogadores não terem qualidade - o talento de Figo, Rui Costa, João Pinto, Sérgio Conceição ou Fernando Couto é há muito tempo conhecido -, mas por só agora os resultados aparecerem. Humberto Coelho avança uma explicação: «Acima de tudo mudou a mentalidade e a disciplina táctica. Neste momento é mais fácil cada um pôr as suas qualidades ao serviço do colectivo», afiança. 

«Para vencer a França será necessária muita determinação, muita coragem e muita concentração. Nestes jogos, e com um adversário como a França, não se pode perder a concentração», esclarece o treinador português. «Precisamos mais do que nunca de manter a nossa dinâmica. Se não conseguirmos criar espaços a partir de trás os avançados ficarão muito marcados e terão dificuldades em jogar na área. E é importante que os jogadores mantenham a alegria que tiveram até aqui.» 

Más memórias de 84 

O Portugal-França de 1984, também uma meia-final de um Europeu, não traz grandes recordações ao seleccionador. «A memória para mim não é positiva. Foi quando me lesionei, fui operado ao joelho, gostaria de ter estado nesse Europeu, o que acabou por não acontecer», recorda. Humberto lembra «duas grandes equipas ofensivas e tecnicistas, tal como as da actualidade» e espera para amanhã «um jogo espectacular e emotivo, como o outro foi». 

As variantes tácticas da França (nomeadamente a dúvida se os franceses apresentarão um ou dois avançados) não preocupam muito Humberto Coelho. «Temos de estar preparados para todas as opções, mas isso não modificará a nossa atitude. Já vimos a França actuar várias vezes e sabemos quais as alternativas de que dispõe.» 

Quanto a Portugal, o segredo é a alma do negócio. A possível titularidade de Sérgio Conceição, a perspectiva da manutenção de um esquema tão ofensivo como aquele que foi apresentado diante da Turquia, a possibilidade de efectuar uma marcação especial a alguns jogadores franceses, tudo ficou sem resposta. 

Humberto Coelho, que tinha desejado uma meia-final Portugal-França porque a sua mulher é francesa, nem soube dizer por quem ela vai estar durante o jogo: «Sinceramente não sei, mas estou convencido de que vai torcer por Portugal.»

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