Estudo. Duas doses das vacinas contra a covid-19 são insuficientes para neutralizar a Ómicron

13 dez 2021, 10:57
Vacinação no Brasil

A nova variante, que foi detetada pela primeira vez na África do Sul, já foi identificada em 63 países

Um estudo realizado por investigadores da Universidade de Oxford, divulgado esta segunda-feira, revela que a administração de duas doses de vacinas contra a covid-19 não é suficiente para induzir anticorpos capazes de neutralizar a nova variante Ómicron. Os cientistas alertam ainda para uma maior probabilidade de infeções entre recuperados e vacinados contra a doença.

De acordo com a agência Reuters, para chegarem a esta conclusão os investigadores procederam à análise de amostras de sangue de participantes que receberam duas doses de vacinas da AstraZeneca-Oxford ou da Pfizer-BioNTech, num estudo que ainda será submetido à revisão por pares, uma fase importante do processo científico e no qual um conjunto de revisores que trabalham no mesmo campo avaliam o relatório do estudo tendo em conta a sua qualidade para ser publicado.

A investigação, cujos resultados foram publicados no servidor de pré-publicação de artigos científicos medRxiv, indica que ainda não há provas de que um baixo nível de anticorpos capazes de neutralizar a nova variante possa estar relacionado com um risco mais elevado de doença severa, hospitalização ou morte nos doentes vacinados com duas doses das vacinas aprovadas.
 
"Estes dados são importantes mas representam apenas uma parte da imagem. Eles referem-se apenas aos anticorpos que neutralizam a variante depois da segunda dose, mas não nos dizem nada sobre a imunidade celular - e isto também será testado", disse Matthew Snape, professor na Universidade de Oxford e coautor do estudo.

Ómicron já foi detetada em 63 países e já é dominante no Reino Unido

A nova variante Ómicron, que foi detetada pela primeira vez na África do Sul, já foi identificada em 63 países, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que neste domingo fez um balanço da situação da covid-19 em todo o mundo.

Durante o balanço, a OMS revelou que a Ómicron parece mais transmissível do que a variante Delta, provoca sintomas mais leves e torna as vacinas menos eficazes. Esta transmissão mais célere foi constatada não apenas na África do Sul, onde a variante Delta não é tão prevalente, mas igualmente no Reino Unido, onde essa é a variante dominante.

Por esta razão, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, alertou já no domingo a população de que as duas doses de vacinas não seriam suficientes para conter a propagação e os efeitos da nova variante, tendo em conta os resultados da agência de saúde do Reino Unido, que na semana passada indicaram que as doses de reforço aumentavam significativamente a proteção contra a Ómicron.

Nesse sentido, o Reino Unido vai disponibilizar doses de reforço da vacina contra a covid-19 para todos os adultos antes do final do ano para travar a vaga de infeções previstas devido à propagação da variante Ómicron.

“Ninguém deve ter qualquer dúvida de que está a chegar uma vaga de Ómicron e parece-me que está claro que duas doses da vacina simplesmente não são suficientes para nos dar o nível de proteção de que necessitamos”, disse Boris Johnson numa mensagem à nação transmitida pela televisão este domingo.

A dose de reforço pode ser dada a todos aqueles que já tenham recebido a segunda dose da vacina há pelo menos três meses. 

Covid-19

Mais Covid-19

Patrocinados