OMS prevê a primeira diminuição de esperança de vida em 200 anos
Trinta por cento dos jovens em todo o mundo já sofre de diabetes tipo 2 e em algumas comunidades étnicas dos Estados Unidos a percentagem ronda os 50 por cento, segundo dados da Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, noticia a Lusa.O director clínico da associação, José Manuel Boavida, revelou estes dados durante a apresentação da campanha publicitária «Maio Mês do Coração», que este ano destaca dois dos maiores factores das doenças cardíacas: a obesidade e a diabetes.
O especialista referiu que um em cada três destes jovens está em risco e vai morrer antes dos 55 anos.
Diminuição da esperança de vida
«Pela primeira vez em 200 anos, a Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê uma diminuição da esperança de vida», alertou Boavida, admitindo a hipótese de os pediatras começarem, dentro em breve, a fazerem o rastreio de doenças coronárias.
Actualmente um doente com diabetes tem igual risco de sofrer um enfarte de miocárdio que um indivíduo que já padeceu desse problema.
A justificação para a actual situação é dada pelos «estilos de vida modernos».
«Temos a sociedade que queríamos em termos de abundância, por isso temos que abordar estas questões culturais junto de pessoas para quem a magreza é igual a tuberculose ou cancro», frisou.
Também a alta comissária para a saúde, Maria do Céu Machado, salientou tratar-se de um problema cultural de uma sociedade que transforma «uma batata cozida de 70 calorias num pacote de batatas fritas de 500 calorias».
17 milhões de mortos por ano
Por seu lado, o presidente da Fundação Portuguesa Cardiologia, Manuel Carrageta, sublinhou que as doenças cardiovasculares e do aparelho circulatório vão ser a principal causa de morte em todo o mundo a partir de 2010/2012, altura em que estas patologias vão aumentar a sua prevalência na África sub-saariana.
Por ano, morrem actualmente 17 milhões de pessoas vítimas de doenças cardiovasculares e circulatórias.
Em Portugal, entre os doentes com factores de risco, o tabagismo tem-se mantido nos mesmos níveis, observando-se uma melhoria nos valores do colesterol, com a obesidade a elevar-se de 25,3 para 32,8 por cento.
Manuel Carrageta referiu que os últimos números reflectem uma perda média de seis anos de vida nos homens obesos e de sete anos nas mulheres.
A obesidade abdominal é uma causa importante do enfarte agudo de miocárdio «por não se tratar apenas de um saco de gordura já que produz várias substâncias nocivas». Estas substâncias provocam resistência à insulina, a um maior risco de contrair diabetes e doenças cardiovasculares.