Roman Khoma vive em Portugal, tem 28 anos e quer regressar à Ucrânia para combater: é o segundo filho de Iryna que vai para a guerra

4 mar 2022, 23:27

A falta de treino militar não o intimida. A decisão está tomada

Veio trabalhar para Portugal mas a madrugada de 24 de fevereiro de 2022 alterou os planos de Roman Khoma: acordou com a notícia de que a Rússia tinha invadido a Ucrânia e, desde aí, tem somente um propósito: ir defender o seu país. Vai juntar-se ao irmão mais velho, que já esteve no exército e que espera ser chamado para a linha da frente.

Roman deixa em Portugal dois irmãos mais novos e a mãe, Iryna Khoma. Ela entende o filho, entende mesmo, mas dói à mesma: "Eu não vou dizer que não toca o meu coração e que não dói. Dói, claro. Só que eu vejo todos os dias os filhos de outras mães que estão a perder a vida por uma coisa santa que é defender o próprio país. Se não formos nós, quem é que vai combater e defender a nossa pátria?".

A falta de treino militar não intimida Roman. Participou nos violentos protestos durante a Revolução da Dignidade, em 2014, na Praça Maidan, na capital Kiev. "Tenho experiência mínima de Maidan, porque também queimámos os veículos blindados utilizando cocktails molotov, aquilo que hoje em dia na Ucrânia é chamado 'batido Bandera'."

(Bandera não é um nome ao acaso: trata-se de uma homenagem ao controverso nacionalista ucraniano Stepan Bandera. É considerado por muitos um símbolo da luta pela independência da Ucrânia entre 1930 e 1940.)

A árvore genealógica desta família reflete um passado comum. O pai de Iryna é ucraniano e a mãe russa. Vivem em Sambir, uma cidade na região de Lviv, no oeste da Ucrânia. Cresceram num país devastado pela Segunda Guerra Mundial. Aos 83 anos, não têm forças nem vontade de fugir. Discutem os novos desenvolvimentos com a filha por telefone e anseiam pela chegada do neto.

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