A central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, foi atacada pelos russos. Trata-se de um dos momentos de maior pânico da guerra
A central nuclear de Zaporizhzhia ficou em chamas depois de ter sido bombardeada pelas forças russas na madrugada desta sexta-feira. Momentos depois, o ministro dos Negócios Estrangeiros Dmytro Kuleba dizia: "Se explodir, será dez vezes pior que Chernobyl".
Para Victor Madeira, especialista em relações diplomáticas e contrainformação e subversão russas, quando se ataca um central nuclear desta forma o objetivo é um único: "danificar o mais possível a infraestrutura, o território e portanto o futuro potencial desse país". "Destrói-se a economia presente e futura, envenena-se o solo e a água e escorre-se a população nativa ucraniana para que o território ou fique vazio ou seja eventualmente ocupado por colonos étnicos russos."
O especialista explica ainda que esta "fixação pública russa" de a Ucrânia querer, supostamente, reaver armas nucleares faz parte da "campanha de 'medidas ativas' russas para justificar a invasão" ao país. "Há séculos que os russos invadem território alheio, massacram ou expelem as populações locais (geralmente minorias étnicas e/ou religiosas) e depois ocupam esse território. Genocídio, pura e simplesmente."
E há outro fator em toda a estratégia russa: "A Ucrânia é a segunda maior (e por vezes a primeira, dependendo da colheita) produtora mundial de vários cereais, a seguir à Rússia. Se esta destruir o potencial agrícola ucraniano, acentuaria mais ainda a dependência internacional nos cereais russos. Gás, cereais/comer, certos metais raros... a lista continua."
Os bombardeamentos russos à central nuclear de Zaporizhzhia ocorreram a 150 metros de um dos seis reatores. Citados pela Reuters, os serviços de emergência ucranianos anunciaram que o incêndio aconteceu fora do perímetro dos reatores. Pode ver a zona aqui no Google Maps.
Esta central, localizada na cidade de Enerhodar, é responsável pela produção de um quarto da energia da Ucrânia. Entretanto, a Agência Internacional de Energia Atómica avançou que os níveis de radiação permanecem inalterados.
