Goleador palestiniano está na lista negra do governo sionista. A incrível história de um rapaz de 23 anos, cujo maior sonho é jogar o Campeonato do Mundo
28 de abril, 2014.Maraaba desaparece durante oito meses. A acusação, pouco clara desde o início, rotula-o de colaboracionista com o Hamas. De calabouço em calabouço, o goleador clama inocência, mas só é libertado em dezembro.
16 de junho, 2015.
Os momentos estão registados no seguinte vídeo (56s e 4m02s):
Com este triunfo esmagador, a Palestina passa a liderar a Grupo A com os mesmos pontos de Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. E Sameh pode muito bem acreditar com a presença no próximo Campeonato do Mundo. A volta que a vida dele deu.
Culpado ou inocente?
A federação palestiniana, pela voz do president Jibril Rajoub, colocou-se desde o primeiro instante ao lado de Sameh Maraaba.
«Ele encontrou-se com um antigo colega de equipa, agora a viver no Qatar, e recebeu uma quantia de dinheiro para apoiar o futebol palestiniano. Só isso»
O problema, do ponto de vista dos serviços de segurança de Israel, é que esse amigo de Maraaba tem fortes ligações ao Hamas. Ora, após esse contato, o futebolista entrou na lista negra do estado israelita e passou a ser mais um perigoso terrorista.
«Temos informações concretas de que o senhor Maraaba estava a conspirar com o inimigo e a servir de correio para o transporte de dinheiro e comunicações»
«E se alguém do Hamas oferecer um donativo à Federação Palestiniana de Futebol? Qual é o problema nisso»
Nenhum, dirá o povo palestiniano. Todo o que houver no mundo, obstarão os israelitas.
Limitemo-nos aos factos: depois de ter sido preso, ainda com o fato de treino da seleção da Palestina, Sameh Maraaba andou de prisão em prisão e poucas notícias conseguiu dar à família.
Nas ruas de Qalqilya, onde sempre viveu, a sua imagem decorou as fachadas de prédios e andou de mão em mão, como símbolo da resistência à opressão do invasor judaico.
Em junho de 2014, a ASI (Agência de Segurança Israelita) divulgou um longo comunicado, onde detalhava os motivos do aprisionamento do avançado palestiniano.
O documento - «um chorrilho de mentiras»
O extenso documento oficial pode ser lido AQUI
Sameh Maraaba resistiu ao isolamento e saiu em liberdade no final do ano. Nunca falou publicamente sobre o caso, a não ser para gritar a sua inocência.
Há poucas semanas, porém, voltou a ser incomodado. O seu nome não voltará a sair da lista negra israelita, isso é claro. A 21 de maio, novamente integrado na comitiva palestiniana e a caminho de um jogo na Tunísia, Sameh foi detido durante três horas.
Os responsáveis da federação recusaram abandonar o local – novamente a fronteira entre Israel e Jordânia – sem Sameh Maraaba. A pressão resultou e o atacante já marca golos e sorri.
Nota final e importante: a inexistência de aeroportos em território palestiniano obriga a seleção a viajar sempre por terra até Omã, na Jordânia, e daí partir para outros destinos.
Se a Palestina se qualificar para o Mundial, essa será a derradeira barreira a transpor.