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Diretora da Versa

Marca Portugal cai com o (des)governo. E MODERADA até era uma imagem que nos ficava bem…

15 nov 2023, 07:42

Se há melhor momento para falar sobre a Marca Portugal? Talvez. Quando somos notícia internacional pelas nossas praias, pela gastronomia, pela diversidade concentrada neste retângulo atlântico, uma das mais antigas Marcas Nação do mundo, com quase 900 anos. 

De Nação envergonhada, esse fado que durante tanto tempo nos levou a falar timidamente de nós ao mundo, passámos nos últimos anos a uma Nação descarada. Com confiança para desafiar rankings, com a audácia para invadir, por exemplo, Times Square com uma onda gigante made in Portugal. Lembram-se que já fomos rating lixo? Não passou assim tanto tempo, mas houve entretanto tempo para os sucessivos governos perceberem a importância de promover a Marca Portugal, financiando a promoção externa, incentivando a internacionalização das nossas marcas e empresas, mostrando que somos um país aberto ao mundo (e porque não ao investimento estrangeiro), moderno, inovador, com segurança, qualidade de vida e atrativo para quem nos escolhe como destino turístico, mas também para viver.

So far, so good…

Mas o Governo trouxe, nos últimos dias, um certo (des)governo à Marca Portugal. No início de outubro, a Consultora OnStrategy apresentou os resultados do estudo Força e Reputação da Marca Portugal, um trabalho desenvolvido no primeiro semestre de 2023 em que auscultou o público interno e externo do nosso país (em 25 mercados) e auditou 16 atributos: Notoriedade e Familiaridade; Admiração; Confiança, Ambiente Político; Ambiente Económico; Governo e Ética; Liderança e Visão; Qualidade de Produtos e Serviços; Inovação e Diferenciação; Estilo de Vida e Ambiente Social; Educação e Tecnologia; Segurança e Assistência na Saúde; Valores, Cultura e Tradição; Beleza; Exposição e Comunicação fora do país; e Relevância Internacional.

Portugal é então avaliado neste estudo, como tendo uma Força e Reputação MODERADA, tanto para o público interno (62,5 pontos), como para o público externo (60,1 pontos), numa escala de 100 pontos. Estávamos a 2 de outubro.

A última semana e os últimos acontecimentos políticos (e judiciais), obrigaram a OnStrategy a rever este estudo, apenas um mês depois da apresentação, e as alterações com relevância estatística centram-se, sem grandes surpresas, nos indicadores: Admiração; Confiança; Ambiente Político; Ambiente económico; Governo e Ética; Liderança e Visão.

Os resultados nacionais são transversais a todos os stakeholders e em novembro, em apenas um mês, a Força e Reputação da Marca Portugal cai dos 62,5 para os 60,5, com os indicadores Ambiente Político, Admiração; Governo e Ética, entre os que mais baixaram nesta avaliação sobre a Imagem do nosso país.

Já do ponto de vista internacional, o impacto está totalmente focado nos stakeholders Profissionais e Investidores. A nossa Marca Nação passa então dos 62,5 (na tal escala de 100) para uma avaliação global de 58,9, sendo que junto do público Profissional chega aos 57,1 já nos Investidores aos 55,0. E aqui, de MODERADA, a Marca Portugal entra já no território de VULNERÁVEL.

Quem nos governa, por vezes, esquece-se que também governa uma Marca País. Que mais do que um simples sentimento de pertença, a um território, uma língua ou uma cultura, é também um instrumento para a competitividade e posicionamento de Portugal, no mercado global.

Moderada ficava-nos tão bem. Vulnerável fica só aquela sensação de déjá vu…

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