Sérgio Sousa Pinto: a entrevista de Rui Rio foi "praticamente zero", "não há matéria política"

CNN Portugal , MJC
29 dez 2021, 00:39

Helena Matos e Sérgio Sousa Pinto comentam a entrevista do presidente do PSD à CNN Portugal: "Rui Rio tem um problema: aquilo que ganhou foi sempre dentro do seu próprio partido, mas o eleitorado do PSD tem estado a diminuir drasticamente"

Sérgio Sousa Pinto considera que a entrevista de Rui Rio à CNN Portugal foi "praticamente zero": "O que ele fez foi falar sobre si próprio, não há matéria política, foi uma entrevista sem conteúdo", disse.

Em reação à entrevista do presidente do PSD, Sérgio Sousa Pinto e Helena Matos, comentadores da CNN Portugal, concordam que Rio apresentou poucas ideias: "Ele não quer falar sobre política, quanto mais falar sobre si e sobre o seu percurso mais ganha", considera Helena Matos.

Segundo esta analista, Rui Rio apresenta-se confiante porque, pela primeira vez ele "chega como um potencial vencedor", depois de nas eleições anteriores as expectativas serem sempre muito baixas". Mas esta é uma sensação enganadora, diz Helena Matos. "Rui Rio tem um problema: aquilo que ganhou foi sempre dentro do seu próprio partido, mas o eleitorado do PSD tem estado a diminuir drasticamente".

"A vitória de Moedas em Lisboa de alguma forma eclipsa o trambolhão monumental do PSD nos últimos anos" e isso pode ser um problema pois, se quiser mesmo, Rio tem agora que falar para fora do partido.

Quanto à questão mais importante, a possibilidade de PS e PSD chegarem a acordo para formar Governo, Sérgio Sousa Pinto afirma que estas eleições são muito entusiasmantes: "Tudo está em aberto, as possibilidades são muitas", diz. Ainda que algumas possibilidades já tenham sido excluídas por António Costa.

"Não acho que o secretário-geral do PS tenha feito um apelo à maioria absoluta. Como é evidente toda a gente quer ter maioria. Mas ao PS é muito difícil ter maioria absoluta, só teve uma vez", recorda Sérgio Sousa Pinto, sublinhando que, desde sempre, o PS teve que dividir os votos da esquerda como diversos partidos, maiores e mais pequenos.

"A grande novidade é que agora também é difícil para o PSD. Antigamente tinha aquele condomínio com o CDS" e facilmente se uniam para governar. Mas agora surgiram novos partidos, "okupas" neste condomínio, diz, referindo-se ao Chega e à Iniciativa Liberal.

Parece óbvio aos dois comentadores que o PSD não deverá aliar-se ao Chega, mas admitem a hipótese de, em determinadas circunstâncias, haver algum tipo de negociação sectorial

"Nunca me pareceu que existissem afinidades entre o PSD e o Chega, são partidos muito diferentes", diz Sérgio Sousa Pinto. "Rui Rio está farto de saber que o partido tem muito má opinião do chega, mas em função dos resultados nunca sabemos quais são as triangulações que serão feitas [para garantir a estabilidade de um governo]."

Helena Matos concorda e faz uma dura critica às palavras de Rio: "Ele diz uma coisa que ninguém diz: que não quer o eleitorado do Chega. Ele não quer ter nada a ver com o Chega mas não se hostiliza o eleitorado".

Quando Rio diz que "não quer nada com o Chega o ele está a dizer é que está disponível para negociar com Antonio Costa", diz Helena Matos.

Sousa Pinto também prevê que será isso que vai acontecer, uma vez que as negociações à esquerda serão mais complicadas: "O país está farto da geringonça, acabou. [Costa e Rio] vão ter de falar um com o outro porque não há mais ninguém". 

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