Se Pedro Nuno Santos vencer as legislativas, há nove nomes na linha da frente para fazer parte do Governo. Saiba quem são

17 dez 2023, 08:00

Pedro Nuno Santos venceu as eleições no PS com 62% dos votos contra os 36% obtidos por José Luís Carneiro. Das 21 federações socialistas, 18 foram ganhas pelo antigo ministro das Infraestruturas

Quem é próximo de Pedro Nuno Santos, assegura que o novo secretário-geral do PS ainda não tem um plano definido sobre quem levará para o Governo se vier a ganhar as eleições legislativas. Até porque é necessário gerir a distribuição dessa confiança por diferentes locais, como os órgãos do partido, o Parlamento e o executivo.

Tudo dependerá do resultado nas legislativas de 10 de março, até porque o jogo de forças que poderá ser necessário alinhar à esquerda, poderá exigir uma ponderação adicional e reforços de peso.

E há outro desafio: como integrar nomes com experiência que não assumiram posição, como Mariana Vieira da Silva ou Ana Catarina Mendes, ou mesmo que apoiaram o rival José Luís Carneiro, como Fernando Medina.

Quando se pergunta sobre os nomes fortes à volta de Pedro Nuno Santos, há certamente aqueles que se repetem, como verá abaixo. Mas fica uma certeza: “o núcleo duro é mais policêntrico do que parece”

Os nomes fortes: e que podem chegar ao Governo

Francisco César. É um dos nomes mais próximos de Pedro Nuno Santos, sendo seu diretor de campanha para estas diretas do PS. Nunca poupou nos elogios ao candidato, que chegou a considerar um dos melhores ministros de António Costa. A amizade é antiga, vem dos tempos em que estudavam no ISEG. Curiosamente, conta quem os conhece, começaram por representar listas opostas. O vice-presidente da bancada do PS é alguém visto pelos pares como sendo capaz de assumir tanto funções governativas como parlamentares. É filho de Carlos César, presidente do partido, que demonstrou apoio a Pedro Nuno Santos.

Pedro Vaz. Conhece Pedro Nuno Santos desde tenra idade, na juventude do partido. Trabalharam de perto, até porque Vaz liderava a concelhia de Estarreja quando o amigo estava à frente da concelhia de São João da Madeira. Vaz foi ex-secretário nacional para a Organização da JS sob a liderança de Duarte Cordeiro Hoje, é vogal do Conselho de Administração das Águas de Portugal. Foi o responsável pela chamada máquina eleitoral nestas eleições diretas, antecipando e percebendo tendências de votações em todo o país.

Pedro Delgado Alves. É um dos nomes que integrava um grupo que ficou conhecido na comunicação social como “jovens turcos”. Eram eles Pedro Nuno Santos, João Galamba, Duarte Cordeiro e Pedro Delgado Alves. O último foi o único que nunca chegou a ser ministro. Quem o conhece, destaca a sua experiência nas questões constitucionais e a sua vivência como “peixe na água” dentro do Parlamento. É um dos territórios que lhe apontam caso Pedro Nuno Santos seja primeiro-ministro, como líder parlamentar ou secretário de Estado com esse pelouro, com especial importância se houver uma geringonça para gerir – “como o Pedro Nuno Santos não pode fazer dele próprio, seria uma boa ideia”, diz um socialista próximo.

João Paulo Rebelo. É amigo de longa data de Pedro Nuno Santos, há mais de 25 anos. Ao ponto de terem partilhado casa em Lisboa, terem passado férias juntos e viagens para Viseu. Foi na casa de João Paulo Rebelo, apurou a CNN Portugal, que se deu a primeira reunião de preparação da candidatura a estas diretas. Tem experiência governativa, tendo sido secretário de Estado do Desporto.

Alexandra Leitão. É o nome dado como mais certo, entre os socialistas próximos de Pedro Nuno Santos, para integrar um Governo. Quando saiu do executivo de António Costa, foi assumindo a cisão e alinhando com a visão do ex-ministro das Infraestruturas. Essa indicação como potencial ministra vem sobretudo do facto de ser a coordenadora da moção de orientação política, que reflete o pensamento para a governação. Conheceu Pedro Nuno Santos mais de perto no Governo e identificou-se com o seu pensamento. Na escrita da moção, trabalhou de perto com Pedro Delgado Alves, recebendo ainda contributos de outros deputados socialistas como Rui Lage, Isabel Moreira, Bruno Aragão ou Pedro Anastácio.

Miguel Cabrita. A experiência governativa deste amigo de Pedro Nuno Santos é vista como fundamental entre os mais próximos do novo secretário-geral do PS. Conhecem-se há mais de duas décadas, quando Pedro Nuno Santos estava na corrida a secretário-geral da JS. Mas a relação adensou-se depois de 2015. Pedro Nuno Santos era secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Miguel Cabrita tinha a pasta do Emprego – algo muito caro nas revindicações do Bloco de Esquerda e PCP na geringonça, onde Pedro Nuno era o principal mediador. Outro dos momentos fortes de trabalho em proximidade foi na greve dos motoristas, que quase parou o país.

Duarte Cordeiro. Não é um facto desconhecido dos portugueses: Duarte Cordeiro é visto como o melhor amigo de Pedro Nuno Santos. Foi seu sucessor na liderança da Juventude Socialista. Quem os conhece diz que “consolidaram um espaço geracional”, que Duarte Cordeiro complementa bem o amigo, por ser mais “ponderado”. Numa fase inicial da candidatura de Pedro Nuno Santos à liderança do PS, Cordeiro esteve naturalmente mais afastado. Socialistas próximos dizem à CNN Portugal que as buscas no âmbito da Operação Influencer fizeram-no repensar a sua continuidade como governante. Mas não deixam de considerar que seria um nome de peso num eventual executivo.

Marina Gonçalves. Acompanhou desde o primeiro momento o percurso de Pedro Nuno Santos no governo. Foi também ela fazendo o seu percurso, como adjunta, chefe de gabinete, secretária de Estado. E por fim, quando Pedro Nuno Santos abandona o executivo, como ministra da Habitação. É vista, entre os próximos, como uma pessoa empenhada nos desafios que lhe colocam.

João Torres. É o atual secretário-geral adjunto do PS. Conheceu o próximo secretário-geral do PS há cerca de duas décadas. Na altura, quando Torres estava a ingressar na jota, Pedro Nuno Santos candidatava-se à liderança da JS. Desde então, que o contacto se mantém, até por fazerem parte dos mesmos círculos. Na campanha, João Torres fez questão de ir a Viseu dar um abraço a Pedro Nuno Santos. Um abraço simbólico porque tinha sido naquele distrito que o próprio João Torres tinha sido eleito líder da JS – algo que aproxima o seu percurso com o caminho percorrido pelo ex-ministro das Infraestruturas. Embora não pertença à direção de campanha e não figure entre os amigos mais próximos de Pedro Nuno Santos, muitos são os que apontam a João Torres um possível lugar num possível governo. A experiência governativa, enquanto secretário de Estado com a pasta do Comércio, com ação na altura da pandemia; bem como o forte conhecimento do partido como secretário-geral adjunto, permitindo a análise de tendências internas, são apontadas como argumentos.

O grupo da primeira reunião: o encontro em casa de João Paulo Rebelo

A primeira reunião para preparar a candidatura teve lugar na casa de João Paulo Rebelo. Foi na noite em que Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a dissolução da Assembleia da República.

Nem todos os nomes referidos acima estavam nesse encontro. Segundo apurou a CNN Portugal, estavam Pedro Nuno Santos, Pedro Vaz, Francisco César e João Paulo Rebelo.

A eles juntaram-se Hernâni Loureiro, que foi adjunto de Pedro Nuno Santos, transitando depois para Marina Gonçalves. E Nuno Araújo, antigo chefe de gabinete de Pedro Nuno, que desde janeiro se tornou diretor-geral da Aethel Mining, concessionária das minas de ferro de Torre de Moncorvo, após ter passado pela Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo.

Os outros foram, depois, naturalmente, juntando-se à organização.

O grupo de amigos no WhatsApp: para jantares e manter as pessoas “ativadas”

Há, entre os próximos de Pedro Nuno Santos, um grupo de WhatsApp que é frequentemente referido por quem o conhece. É o grupo dos “amigos”, daqueles que fizeram “o percurso todo” com o novo secretário-geral do PS, que serve também para marcar encontros e jantares.

Dele farão parte, segundo vários relatos: Francisco César, João Paulo Rebelo, Pedro Delgado Alves, Duarte Cordeiro, Pedro Vaz, João Portugal (presidente da federação de Coimbra), Hernâni Loureiro, Nuno Araújo, Pedro Pinto de Jesus (antigo assessor do PS na Assembleia da República).

Este grupo teria também a função de manter as “pessoas ativadas, ligadas, à ideia de que o Pedro Nuno seria secretário-geral”, conta um dos membros.

A direção de campanha e os aliados de peso

Da direção de campanha liderada por Pedro Nuno Santos conta com Pedro Vaz, João Paulo Rebelo, Alexandra Leitão, Hernâni Loureiro, Maria Begonha (deputada e ex-líder da JS), Pedro Araújo (do PS/Porto), Diogo Cunha (deputado eleito por Braga) e Joana Sá Pereira (deputada eleita por Aveiro).

Mas há um conjunto de outros nomes, referidos entre aqueles que são próximos de Pedro Nuno Santos, que são determinantes, pela sua capacidade de influência e mobilização. É o caso de Tiago Barbosa Ribeiro (Porto), Ricardo Pinheiro (Portalegre), André Pinotes Batista (Setúbal), Hugo Costa (Santarém), Carlos Pereira (Madeira) ou Miguel Costa Matos (Lisboa, também líder da JS).

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