Pela primeira vez houve menos professores a concorrer a vinculação do que as vagas existentes. A culpa é da “vinculação dinâmica”
O ministro da Educação anunciou, esta quarta-feira, a colocação de 12814 professores. De acordo com João Costa, 64% desses docentes são docentes e quadro.
As listas de colocação dos professores foram divulgadas no site da Direção-Geral da Administração Escolar, quando o ministro já se encontrava numa conferência de imprensa sobre o tema.
Esperava-se que desses mais de 12800 professores, cerca de 10500 fossem professores dos quadros, mas os números ficaram aquém. Apenas cerca de 8000 docentes entraram para os quadros do Ministério da Educação.
“Pela primeira vez, houve menos gente a concorrer do que vagas a concurso. As vagas foram abertas não para os 67 quadros de zona pedagógica atuais, mas apenas para os antigos 10. A expressão ‘vinculação dinâmica’ não explica tudo e muita gente teve receio do que poderia acontecer para o ano. É que, em 2024, os professores que vincularam este ano vão ter de concorrer ao país inteiro e muitos podem ficar ainda mais longe de casa. Assim, preferiram concorrer como contratados e, para o ano, terão maior controlo nos sítios para onde concorrem”, explicou à CNN Portugal Paulo Guinote, mentor dos blogues O Meu Quintal.
Falta de professores pode aumentar
Cristina Mota, do movimento Missão Escola Pública, alerta para o perigo desta vinculação dinâmica vir adensar, ainda mais, a falta de professores. “Há indicadores de que o diploma de recrutamento promulgado e que já esteve em vigor para este concurso leve muitos colegas a abandonar o ensino”, afirma.
“O facto de este ano termos a mobilidade nesta fase com tantos professores por colocar significa que não tiveram vaga nos locais da sua preferência. Este ano, irão ser absorvidos nas reservas de recrutamento, possivelmente. Para o ano vão ter de concorrer para o país inteiro e nada garante que esses professores aceitem ficar em locais onde as despesas são incomportáveis e longe da família. Muitos desses professores podem deixar o ensino. Aliás, o feedback que temos tido é de colegas que dizem ‘este ano vou concorrer, se para o ano não ficar, vou fazer outra coisa’”, explica a ativista.
Ministro garante 95% dos horários já preenchidos
Na conferência de imprensa desta tarde, o ministro da Educação desvalorizou o facto de as listas saírem mais tarde do que noutros anos e sublinhou que o próximo ano letivo tem 95% dos horários com professores já atribuídos.
Em números concretos, dos 13.487 horários pedidos foram já preenchidos 12.814. Este ano, afirmou João Costa, foram pedidos mais 386 horários, em comparação com o ano passado.
Os horários por preencher, segundo o ministro, concentram-se essencialmente na região sul, com destaque para a região de Lisboa e península de Setúbal, as zonas do país onde se verifica tradicionalmente maior falta de professores.