"Passámos de uma Kate vibrante para uma Kate enferma". "Há um secretismo" no internamento da princesa de Gales "que não deixa de ser preocupante"

2 mar, 18:00

 

 

Afastada dos deveres reais depois de ter sido submetida a uma cirurgia abdominal, a ausência da mulher do príncipe William tem gerado preocupação, mas também curiosidade. Afinal, porque é que a princesa Catherine é tão importante para a família real britânica?

A notícia apanhou tudo e todos de surpresa no dia 17 de janeiro: a princesa de Gales tinha sido submetida a uma cirurgia abdominal e ia permanecer no hospital entre dez a 14 dias. A causa? Desconhecida. Sabe-se apenas, ao dia de hoje, que a cirurgia estava programada, que correu bem e que a mulher do príncipe William está a recuperar bem.

Perante o secretismo em torno da cirurgia foram muitos os rumores que circularam - como o de que Kate Middleton teria corrido risco de vida e estaria em coma, que foi desmentido -, mas não fez com que o Palácio de Kensington revelasse a causa que levou a futura rainha de Inglaterra ao bloco cirúrgico no mesmo dia em que era divulgado que também o rei Carlos III ia ser submetido a um tratamento à próstata.

Mas, afinal, o que gera tanta curiosidade em torno da mulher do príncipe William e porque é que Catherine, a princesa de Gales, é tão importante para a família real britânica?

Para Alberto Miranda, especialista em realeza, "Kate é atualmente a figura da realeza com mais carisma pela sua postura, pela forma como trabalha, pela forma como também se veste - este lado mais decorativo também contribui para o carisma da pessoa" e "o facto de ter sido operada foi um choque".  

"Kate é hoje a pessoa mais carismática da realeza a nível mundial. E é importante para a instituição, sim. É casada com o filho da princesa Diana, é a princesa de Gales, a futura rainha de Inglaterra, que também ajudou a aumentar o seu carisma. Kate é a pessoa com que as pessoas se identificam. E Isabel II reconheceu que Kate, mesmo não sendo da realeza de nascimento, tinha percebido perfeitamente o que implicava, os sacrifícios, a pressão diária, o escrutínio popular. Kate tem mostrado com o seu trabalho, com a sua postura, que está à altura."

Opinião partilhada por Tiago André Lopes, especialista em Relações Internacionais, que considera que "Kate e William são, de facto, um casal muito peculiar, porque são ao mesmo tempo parte deste estabilishment monárquico que é pesado, institucional, que é protocolar, mas também são um casal normal como a maior parte dos britânicos".

"Kate é muito mediática, e é vista como uma espécie de ícone para muitas mulheres britânicas e não só. Daí este interesse que houve com ela e ela tornou-se numa espécie de princesa acessível. Acho que Kate é comparável com a Victoria da Suécia que é também uma princesa muito mediática e, portanto, são duas princesas que trazem uma dimensão humana mas que também recuperam em parte esta dimensão do sonho e das histórias quase da Disney e daí este interesse com a saúde da Kate e com o seu bem-estar."

Para além disso, o comentador da CNN Portugal lembra que a mulher do príncipe William, herdeiro do trono britânico, é a próxima rainha de Inglaterra e que, ao contrário da atual rainha - "que continua a ser uma rainha menos amada" - "Kate é vista como a rainha que nasceu talhada para isso".

"Kate é vista como tendo o perfil certo para princesa, mesmo tendo sido pintada, em certo momento, como sendo uma espécie de plebeia que ascende. Mas a verdade é que estamos a falar de alguém que já vinha de família de classe alta, que frequentava o mesmo colégio que o William, portanto, é vista na lógica do sonho como uma rainha amada, diferente da rainha Camilla e recuperando o charme que Isabel II tinha. E os britânicos não querem que William suba ao trono sem rainha e muito menos com a rainha debilitada."

Tiago André Lopes lembra ainda que "Kate é também a mãe de três príncipes que são muito icónicos" e é vista na dimensão de "é a companheira de William que não se deixou perder no papel de princesa".

"Continua a ser Kate, continua a ter uma dimensão muito dela, mas é também uma mãe extremosa, o que para a sociedade mais conservadora do Reino Unido é uma dimensão que nos aproxima dela. E não podemos esquecer este fator: no Reino Unido a família real, para uma ampla parte da população, é vista como parte da família. É por isso que os anúncios no país dos batizados e tudo o mais são celebrados. Nós vimos, de facto, manifestações de alegria espontânea nas ruas. E, portanto, o internamento de Kate foi encarado como se fosse o internamento de uma prima ou de uma tia que está no hospital."

Para os dois especialistas, o maior medo com o internamento da princesa de Gales foi mesmo o de que esta não recuperasse ou "que William chegasse ao trono como o pai"..

"Isso foi o medo maior. Porque nós passámos de uma imagem de uma Kate super saudável, sempre muito bonita, com um sorriso sempre vibrante para, de repente, sabermos que ela está no hospital. Depois coincidiu também com o primeiro internamento do rei Carlos e acabou por bater as duas coisas ao mesmo tempo. Passámos de uma Kate vibrante para uma Kate enferma e, devido à proximidade da morte da rainha Isabel II, levou a que houvesse este estado de comoção nacional e parece-me que foi esse o receio. Que William chegasse ao trono como o pai e que passasse uma série de agruras na sua vida sentimental", afirma Tiago André Lopes.

Por sua vez, Alberto Miranda lembra que, enquanto com Carlos III o Palácio de Buckingham deu mais informação sobre o seu estado de saúde, com a princesa de Gales a maioria da informação foi mantida em segredo, o que faz parte do "lado secreto" da monarquia "que encanta" os fãs.

"Há aqui um secretismo que não deixa de ser preocupante. A instituição tenta sempre fazer uma transparência, mas ao mesmo tempo um secretismo. Há aqui este misto de posições. Porque o secretismo faz parte do mistério e o mistério adensa a curiosidade sobre a monarquia. A monarquia tem este lado secreto que encanta."

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