O Wordle, o quebra-cabeças que tem conquistado fãs em todo o mundo, é um divertimento e uma forma de manter o cérebro ativo, mas também já salvou a vida à norte-americana Denyse Holt
No sábado passado, Denyse Holt, de 80 anos, professora reformada do Ilinois, EUA, foi acordada a meio da noite por um intruso que entrou em sua casa e a ameaçou com tesouras: "Se gritares, corto-te toda", disse-lhe. Depois, trancou-a no porão, sem comida nem acesso aos seus medicamentos. Denyse fez um esforço para se manter calma. "Não quero morrer assim e não que os filhos saibam que a mãe deles foi assinada", pensava.
Denyse acabou por ser ajudada pelo Wordle, um quebra-cabeças virtual no qual os jogadores têm seis hipóteses para descobrir uma palavra de cinco letras. Todos os dias há uma palavra nova e os jogadores são incentivados a partilhar os seus resultados nas redes sociais, criando uma espécie de competição global para ver quem acerta na palavra do dia utilizando menos tentativas.
Esta professora era uma entusiástica jogadora de Wordle e costumava partilhar todos os dias os seus resultados com a filha mais velha, que mora na Califórnia.
Por isso, a filha estranhou quando naquela manhã Denyse não enviou a sua habitual mensagem. "Isso foi desconcertante para ela", contou mais tarde Denyse ao Washington Post. Apesar de estar a milhares de quilómetros de distância, a filha preocupada falou com a irmã, ambas tentaram contactar com a mãe e perceberam que o telefone estava desligado e que ela não respondia às mensagens. Então pediram a ajuda de um vizinho.
Apesar de o carro de Denyse estar estacionado à porta, ninguém abriu a porta. Por isso, o vizinho acabou por chamar a polícia e, ao dar a volta à casa, ouviram-na gritar: “Estou aqui! Estou aqui! Estou aqui no porão!”
Ao fim de 20 horas presa no porão, a mulher foi libertada e a polícia prendeu o homem de 32 anos que estava em sua casa. A polícia acredita que o homem sofre de perturbações mentais.
“Voltei e não parecia minha casa. Estava tudo nojento. … Isso deixou-me bastante triste, porque eu gosto do meu bairro, gosto dos meus vizinhos, gosto da minha casa e agora não sei se conseguirei continuar a morar lá...” Apesar desse “trauma”, Holt sente-se grata: “Tenho sorte por estar viva”, disse. Houve momentos em que não acreditou que isso fosse possível.
