T E O M R: com estas 5 letras faz-se uma palavra que é uma história alternativa do Wordle 💚💚💛🖤💚

5 fev 2022, 13:00
Termo

O Wordle, o jogo que fez um sucesso mundial e foi vendido por mais de um milhão de euros ao New York Times, já tem uma versão portuguesa. Ao contrário do “irmão” inglês, não está a fazer dinheiro; mas tal como o irmão inglês, lembra-nos como há tanta beleza nas coisas simples e sobretudo no idioma que falamos

O Wordle, o novo jogo de palavras simples que viciou a internet, já tem uma versão em português. Chama-se Termo e, tal como o original, consiste num jogo em que é pedido que se adivinhe uma palavra de cinco letras todos os dias, com os participantes a terem seis oportunidades para acertar.

A adaptação à língua portuguesa do Wordle, criado por Josh Wardle, é da autoria do brasileiro Fernando Serboncini. Engenheiro há mais de 15 anos no Google Chrome, no Canadá, Fernando conta à CNN Portugal que o Termo surgiu como um passatempo: "Faço jogos pequenos nas horas vagas". Confrontado pela falta deste tipo de jogos de palavras em Português (por norma são lançados noutros idiomas como o Inglês, Francês, Espanhol e Alemão), o engenheiro desenvolveu o Termo em pouco mais de uma semana. Enviou à mulher e a "dois ou três amigos" e o resto é história:

"Não fiz mais nada, nem sequer divulguei. Quando olhei para o servidor tinha 10 mil pessoas no jogo. E no final do dia tinha 100 mil", revela.

Em apenas um mês, o Termo tornou-se um autêntico sucesso, tendo ultrapassado os 400 mil utilizadores ativos esta semana. "Está a crescer tanto. Cada dia acho que é o recorde e supera sempre", diz Fernando. E para jogar é muito simples: basta escrever uma palavra com cinco letras e o Termo indica quais destas estão presentes na palavra do dia. Se alguma letra surgir a verde, significa que faz parte da palavra diária e que se encontra na posição correta. Se surgir a amarelo, então é porque a letra existe na palavra mas noutra posição.

Mas como se explica este sucesso? Segundo reflete o criador, o segredo pode estar na simplicidade: "Estamos habituados a sites com abordagens muito agressivas -  como publicidades e logins (registos) - e o Termo não tem isso. O utilizador sabe que são cinco minutos da sua vida, joga e pronto". "Eu gosto disto assim, mostra que existem outros modos que resultam. As pessoas estão muito acostumadas a serem bombardeadas com pop ups."

Talvez por isso, e ao contrário do "irmão" inglês, que foi vendido ao jornal The New York Times por mais de um milhão de euros, o Termo não faz dinheiro nenhum. Não tem anúncios, não tem subscrições - e nem espere vê-los no futuro. É que segundo o seu criador, este jogo é um hobbie e assim vai continuar a ser: "Tenho o privilégio de não precisar do dinheiro, tenho o meu emprego e pago as minhas contas. Então posso olhar para isto desta forma".

"No início tive muitas propostas de empresas para anunciar e escolher a palavra do dia e eu disse que não porque não tenho interesse", confessa Fernando, admitindo estar feliz pelo negócio de Josh Wardle: "Não sou totalmente contra fazer o mesmo, mas para já não tenho essa vontade". "Não ganho nenhum dinheiro com isto. Aliás, gastei até, com o valor do servidor”, afirma o engenheiro.

Mais que um jogo, uma oportunidade e um legado em português

Para desenvolver um jogo de vocabulário é preciso existir um dicionário específico e, segundo Fernando, "infelizmente, não existe nenhum, de qualidade, disponível em Português de forma gratuita". Esta é uma questão que se levanta sempre que são lançados novos jogos e que Fernando viu como ponto de partida: "Vi no Wordle a oportunidade para resolver este problema. Construí um dicionário de Português e desenvolvi o jogo. Então fiz a lista de palavras numa semana. É muito difícil. E depois em dois ou três dias fiz o jogo. A parte fácil realmente é fazer o jogo", explica o engenheiro, adiantando que deixou a lista de palavras disponível para todos: "Qualquer pessoa pode fazer o download da minha lista para fazer outros jogos. O Termo abre muitas possibilidades de haver mais jogos em Português", diz Fernando Serboncini.

Mas desenvolver um jogo em português tem a sua complexidade. Um dos obstáculos com que o engenheiro se deparou foi a diferença entre o Português de Portugal e o Português do Brasil: "A palavra 'mamãe', por exemplo, não existe em português de Portugal e eu não sabia", exemplifica o criador, que recebe todos os dias mensagens dos utilizadores. 

Entre as mensagens que recebe estão chamadas de atenção, sugestões, mas também elogios ao jogo. "As pessoas contam-me historias giras, há quem faça competição de tempo para ver quem consegue chegar à palavra mais depressa. Houve também uma pessoa que me enviou um email agressivo a dizer que uma palavra não existe em Portugal e eu tento sempre responder a todos, o que provoca surpresa. Esta pessoa, por exemplo, admitiu que não estava à espera que eu respondesse, pediu-me desculpa pelos insultos e depois deu-me os parabéns", conta. E sorri. “Na minha cabeça vai chegar uma hora em que tudo passa, então fico feliz por ter feito isto. Recebo mensagens boas, mas não tenho expectativas que seja para sempre. As coisas passam. Ao ter feito o dicionário e disponibilizá-lo deixo o meu legado."

O Termo é um projeto em constante evolução. Todos os dias Fernando faz melhorias no jogo, como melhora a acessibilidade aos jogadores, e também estatísticas para saber se a palavra do dia anterior foi mais difícil. "Tenho várias variações do jogo que já tentei e são boas e talvez coloque em paralelo duas ou três. Tenho muitas ideias, não tenho é tempo."

 

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