31 dos 230 deputados desempenham mais de cinco cargos (e há uma deputada com 18 funções)

ECO - Parceiro CNN Portugal , Mariana Espírito Santo
7 ago 2023, 18:00
Assembleia da República (Lusa)

No registo de interesses, os deputados comunicam os cargos e funções que desempenham e alguns contabilizam mais de cinco posições. A maioria diz respeito a funções dentro do partido e não remuneradas

Há vários deputados que desempenham mais cargos além daquele na Assembleia da República, ainda que a maioria deles diga respeito a funções no âmbito do partido político e não remuneradas. Segundo os dados da plataforma Integrity Watch Portugal, desenvolvida pela Transparência Internacional Portugal, são cerca de 16% os deputados que, atualmente, têm mais de cinco cargos.

A plataforma permite analisar os cargos/funções atuais, ou seja, que são exercidos pelos deputados (em funções) na atualidade, com base na informação declarada no seu registo de interesses. Aí, a fatia de deputados com mais de cinco cargos ou funções chega aos 16%. Entre os 230 deputados em funções, 31 têm entre cinco e dez cargos registados e seis chegam mesmo a ter mais de dez.

É Sónia Ramos, do PSD, que tem mais interesses atuais, contabilizando 18. Entre as funções que indica, após ter sido técnica superior de reinserção social, incluem-se artigos de opinião para órgãos de comunicação social locais, sem remuneração, bem como cargos dentro da estrutura do partido, também identificados nestes registos. Segue-se Cláudia Santos, do PS, que tem 16 registos. A professora universitária desempenha funções de investigadora, tendo também participações em conferências/docência em cursos breves.

A maioria dos deputados que se incluem neste grupo com mais cargos são do PS ou PSD, sendo de notar que muitas vezes são funções ligadas ao aparelho partidário, que têm ainda assim de ser incluídas nas declarações. Além destes partidos, há também duas deputadas do Bloco de Esquerda neste grupo (Joana e Mariana Mortágua, que além de cargos dentro do partido desenvolveram funções enquanto cronista, no primeiro caso, e comentadora televisiva e colunista, no segundo) e um do Chega (Diogo Pacheco de Amorim, que desempenha funções dentro do partido e também na Assembleia Municipal de Cascais).

É de salientar que estes dados têm como base o registo de interesses, que é obrigatório. Já se tivermos como base as informações no registo biográfico, que não é obrigatório, são 15 os deputados que indicaram têm entre cinco e dez cargos, divididos quase igualmente entre o PSD (oito) e o PS (sete).

Além dos cargos há também outros interesses, que podem ser de três tipos: apoios, uma sociedade ou serviços prestados. No que diz respeito às sociedades, destaca-se Pedro Coimbra, do PS, que tem o registo de 14 participações (a maioria em ações). Já nos serviços prestados destaca-se Pedro Delgado Alves, do PS, com cinco, que dizem respeito à lecionação de aulas e também a participação nos programas “Sem Moderação” e “Linhas Vermelhas”. Finalmente, na categoria dos apoios é de destacar João Torres, atual secretário-geral adjunto do PS, que tem registados cinco apoios, nomeadamente relativos a deslocações.

Quanto às profissões, aquela em maioria é jurista, seguido de advogados e economistas. No “top 10” das profissões encontram-se ainda professores, gestores, engenheiros civis e empresários.

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