“Não tenham medo”. O desafio aos jovens feito por Francisco, o Papa com o “sonho da paz”

6 ago 2023, 11:28

O Papa deixou várias mensagens de ânimo aos jovens, incentivando-os a testemunhar a sua fé aos outros. Para esse caminho, a palavra de Deus é o principal guia. Sem protagonismos, perfeições ou “egoísmos disfarçados de amor”. A Lisboa, na hora da despedida, fica um “obrigado”, essa palavra que reflete o bem no ato de dar e receber.

“Não tenham medo”. Repetiu a frase várias vezes para que os jovens no Parque Tejo, em Lisboa, a interiorizassem. “Não tenham medo”. Por mais que a vida dê sinais contraditórios e tenha obstáculos, o Papa Francisco quer os jovens a lutar pelos seus sonhos e a passar o testemunho da sua fé.

Uma mensagem para aqueles que “têm sonhos grandes mas às vezes ficam ofuscados pelo temor de não os verem realizados”, que pensam que “não serão capazes” ou “fracassaram”, que “ficam com a sensação de que não é suficiente”.

“Gostava de olhar nos jovens de cada um de vocês e dizer: não tenham medo”, disse, do alto, no altar-palco. Até porque o sumo pontífice, vincou, não estava ali sozinho nesta mensagem de ânimo e superação.

“Jesus que olha para vocês neste momento, conhece o coração de cada um de vocês, a vossa vida. Conhece as vossas alegrias, tristezas, êxitos e fracassos. Conhece o vosso coração. E ele hoje diz-vos, aqui em Lisboa, nesta Jornada Mundial da Juventude: não tenham medo. Animem-se. Não tenham medo”.

 

“Grande dor” com situação na Ucrânia e o “sonho” da paz

No horizonte, ainda que longe do olhar, estavam outros milhares (milhões, talvez) de jovens que não puderam estar em Lisboa por causa de conflitos e guerras. “No mundo são muitas”. E há uma, destacou, que lhe gera “grande dor”: a guerra da Ucrânia.

E foi, neste momento, que Francisco contou aos jovens qual é o seu maior sonho: a paz. “Amigos, permiti a mim, que já sou velho, partilhar convosco, jovens, sonho que trago no coração: o sonho da paz, o sonho de jovens que rezam pela paz, vivem em paz e constroem um futuro de paz”.

O apelo de Francisco é de que, no regresso a casa, continuem, como ele, a rezar pela paz. “Vocês são o símbolo da paz. Para o mundo um testemunho de como as nacionalidades, as línguas e histórias podem unir em vez de dividir. Vocês são a esperança de um mundo diferente”.

 

Para uma vida de luz: cuidado “com os egoísmos disfarçados de amor”

Com esta Missa do Envio no Parque Tejo, a Jornada Mundial da Juventude chega oficialmente ao fim. O testemunho é passado para a Coreia do Sul, que irá realizar o evento em 2027, em Seul. Mas, na despedida, o Papa Francisco deixou várias reflexões para o regresso a casa, sobre como podem as lições destes dias ser aplicadas no dia a dia.

A resposta, apontou, está em três ações: “resplandecer, ouvir, não temer”. “Precisamos de alguns lampejos de luz para enfrentar a escuridão da noite, os desafios da vida, os medos que nos inquietam”, admitiu.

Essa luz, apontou, é Jesus. É ele o exemplo que devem seguir. Como? Fazendo “a obra do amor”, sem procurar o protagonismo ou segundas intenções, monstrando o lado frágil. “Se tiverem egoísmo no vosso coração, a luz vai apagar-se”. Em especial, se procurarem estar "debaixo dos holofotes" e “exibem uma imagem perfeita”.

“Às vezes, encontramos caminhos que parecem ser de amor, mas são egoísmos disfarçados de amor. Cuidados com os egoísmos disfarçados de amor. Escutem-nO”, apelou o Papa Francisco, lembrando a importância da palavra de Deus.

Porque esta Jornada Mundial da Juventude termina agora, mas os ensinamentos que ela trouxe podem ficar para a vida:

“Só Deus conhece aquilo que semeou nos vossos corações. Façam-no crescer. Mas quero recordar-vos: mantenham a semente nos vossos corações. Porque quando chegam os momentos de cansaço e a sensação de deixar de caminhar e de encerrar-vos em vocês mesmos, reavivem estas experiências e a graça destes dias”.

 

O “obrigado” do “mais jovem dos jovens”, com 86 anos

Num Parque Tejo com milhão e meio de fiéis a assistir, o Papa Francisco não pôde deixar de agradecer. “Obrigado” foi a palavra escolhida. E recuperou mesmo a explicação de D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa: é uma palavra que expressa gratidão pelo que se recebeu e o desejo de retribuir.

“Obrigado a ti, Lisboa, ficarás na memória destes jovens como a casa da fraternidade”, completou.

Antes, D. Manuel Clemente tinha definido esta Jornada Mundial da Juventude como um “momento decisivo” para esta geração, que construirá um “mundo mais belo e mais fraterno”.

“Sois o mais jovem dos jovens que aqui estão. Muito obrigado, Santo Padre”, definiu, dirigindo-se a Francisco.

A eucaristia durou cerca de hora e meia. Foi concelebrada por 30 cardeais, 700 bispos e 10 mil sacerdotes. Já a comunhão foi distribuída por 10 mil ministros.

Para proteger do calor, foi necessário recorrer a várias medidas de proteção. Os voluntários distribuíram protetor solar e água. Houve também quem recorresse a chapéus e guarda-chuvas para lidar com as altas temperaturas.

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