Papa Francisco gostava que a Igreja fosse como a Capelinha das Aparições: “acolhedora e sem portas”, para que “todos possam entrar”

5 ago 2023, 10:36

Inclusão e abertura. Francisco está empenhado em vincar a mensagem nesta passagem por Portugal. Aproveitou a arquitetura do Santuário de Fátima para concretizá-lo. E, no final, deu o exemplo

O Papa Francisco desafiou este sábado a Igreja Católica a ser cada vez mais como a Capelinha das Aparições, em Fátima, que descreveu como “acolhedora e sem portas”.

“A pequena capela onde nos encontramos constitui uma bela imagem da Igreja, acolhedora e sem portas. A Igreja não tem portas, para que todos possam entrar”, afirmou o sumo pontífice na mensagem que dirigiu aos fiéis no Santuário de Fátima.

Francisco insiste assim na mensagem de inclusão e abertura que tem cultivado ao longo desta Jornada Mundial da Juventude. E recuperou a expressão que está a marcá-las: “todos, todos, todos”.

“Todos podem entrar. É a casa mãe. Uma mãe de coração aberto para todos, todos, todos”, disse.

O Papa Francisco esteve em Fátima para rezar, pela paz e pelo fim da guerra na Ucrânia, com mais de uma centena de jovens com deficiência e reclusos, uma vez que estes se encontravam impossibilitados de participar na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa. Foi um momento marcado pelo silêncio, que emocionou muitos dos peregrinos no local.

À saída do Santuário de Fátima, Francisco deu o exemplo, focando o cumprimento aos fiéis a pessoas com deficiência que, tal como ele, se moviam em cadeiras de rodas. Foi mesmo insistindo junto da sua comitiva para que lhe permitissem este circuito inclusivo.

O exemplo de Maria

Num discurso muito improvisado, Francisco aproveitou para lembrar a oração do terço como “muito bela e vital”, por trazer as histórias de Maria e Jesus. “A Igreja não pode ser senão a casa da alegria”, insistiu.

Em Fátima, focou-se na figura de Maria, recuperando o lema da Jornada Mundial da Juventude, “Maria levantou-se e partiu apressadamente”, para exortar os peregrinos a fazerem-se à estrada e a seguirem o exemplo da mãe de Jesus, a transmitirem os seus testemunhos a outros. “Nossa Senhora acompanha, nunca é protagonista”, apontando antes para Jesus, lembrou.

Referência à guerra e aos abusos chegou por José Ornelas

Após a recitação do terço, o bispo de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, José Ornelas, evocou a guerra na Ucrânia e os abusos de menores na saudação ao Papa Francisco. O bispo referiu a “guerra na Ucrânia e em tantos outros focos de conflito no mundo, que atingem dramaticamente a vida e o futuro, sobretudo das crianças e dos jovens”.

“Rezamos particularmente com e pelas crianças e jovens vítimas da doença, da pobreza, da fome, de todo o tipo de conflito, dos abusos, das injustiças e da exclusão dos mais frágeis”, juntou depois José Ornelas.

Silêncio e emoção

Em Fátima, estiveram cerca de 200 mil peregrinos a acolher o Papa Francisco, naquela que é a sua segunda passagem pelo recinto enquanto líder da Igreja Católica. A última tinha sido em 2017 para o centenário das aparições. Foi um desejo do próprio Papa integrar agora esta passagem pelo Santuário de Fátima no âmbito da sua deslocação ao país, onde participa na Jornada Mundial da Juventude.

Francisco dirigiu-se para Fátima num helicóptero da Força Aérea, numa viagem de 35 minutos a partir de Figo Maduro, em Lisboa. Depois, o percurso até ao Santuário de Fátima fez-se lento no papamóvel, com o sumo pontífice a distribuir bênçãos a bebés e crianças e a acenar aos fiéis.

Dirigiu-se à Capelinha das Aparições, onde ficou de frente para a imagem de Fátima. Francisco ofereceu ainda o Rosário de Ouro ao Santuário.

Em Fátima, esteve também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados