Paulo Bento e Quaresma: percebo a ideia

20 mai 2014, 01:01

Os 23 para o Mundial 2014

A presença de Quaresma na lista de 30 foi a forma que Paulo Bento encontrou de nos dizer que não existia nenhum problema à partida com o extremo do FC Porto. Danny, por exemplo, nem lá estava, E merecia pelo menos tanto quanto Quaresma. Mas não estava, ponto.

Na lista final, Quaresma também não entrou.

Claro que a ausência de Quaresma é questionável. Mas não mais do que os comentários absurdos, mal educados e ignorantes que centenas de portugueses espalharam pelas redes sociais logo a seguir ao anúncio de Paulo Bento. Quando se trata de futebol, as pessoas sempre protestaram e sempre tornaram público o desconhecimento que preenche algumas delas. Apenas trocaram o café pelo facebook, o que não foi melhor.

Sinceramente, acho que não vale a pena olhar para a ausência de Quaresma a partir dos extremos que vão ao Mundial.

Um deles é o melhor jogador do Mundo.

O outro é Varela, apesar de tudo o mais fiável nos últimos meses.

O terceiro chama-se Nani, chamá-lo é uma questão de fé.

O quarto é Vieirinha. Foi muito importante para a seleção em alguns jogos da fase de apuramento. Lesionou-se a seguir, mas já sabemos que Paulo Bento não esquece. O homem do Wolfsburgo só não estaria se não conseguisse andar. ( recordem isto, por exemplo

Mas, claro, Nani e Vieirinha são escolhas questionáveis. Claro que são, claro que sim. Mas esta é a seleção que tem Ronaldo e sempre que uma equipa tem Ronaldo, os outros existem para o servir, para ajudar a retirar dele o melhor. Não tem mal nenhum. É apenas a ordem natural das coisas.

Pois bem, Quaresma nunca será antes de tudo o resto um jogador de equipa. E não estou a fazer qualquer referência a comportamentos, palavras ou indignações pouco discretas a cada substituição. Isso, repito, não é um problema para Paulo Bento. Se fosse, nem nos 30 teria estado. Estou a pensar na forma de jogar e Quaresma e da equipa nacional portuguesa.

Como no Euro 2012, Portugal precisará de um meio-campo de trabalho, um avançado que se coloque bem sem bola e um extremo que feche com rigor e empenho o seu corredor. E Ronaldo. Portugal não pode jogar aberto contra nenhuma seleção. Muito menos a Alemanha, o primeiro adversário.

Se Portugal não tivesse Ronaldo, creio que poderia fazer sentido levar Quaresma. Todos os conhecemos. Quaresma necessita de ser o mais importante, o centro da equipa que defende. Mais uma vez, não o escrevo com uma carga negativa. Apenas porque é assim. Na seleção de Ronaldo isso nunca sucederá. 

Sinceramente, deixar Quaresma em casa é razoável. Questionável, mas perfeitamente compreensível.

Quanto ao resto, tudo fácil de explicar.

André Almeida é o Miguel Lopes desta convocatória. Joga nas duas alas e até no meio-campo, se for preciso. Está com moral e fresco. Não tem grande experiência, mas não se pode ter tudo, não é?

Rafa é Paulo Bento a dizer-nos que vale a pena olhar para o miúdo do Sporting de Braga. Aos 20 anos, também ele não tem grande experiência, mas já demonstrou competência. Pode jogar a «10», em caso de emergência, e sabe partir dos flancos para o centro, uma condição essencial para jogar nesta seleção. É rápido.

No ataque, simplesmente não há muito por onde escolher. Eu teria levado Bebé, até para espantarmos algum adversário menos atento. Mas eu sou apenas um tipo que escreve umas coisas. Postiga tem um currículo invejável na seleção. Hugo Almeida já resolveu diversos problemas. Éder é o mais sério projeto de avançado que existe em Portugal. Se estiver em razoáveis condições físicas é levá-lo.

Para finalizar, recordo o essencial: a chamada à seleção não funciona como prémio por uma boa temporada. Trata-se de formar um grupo para uma competição curta, sem grande espaço para erros. Neste caso, a mais importante competição do Mundo. Confesse lá: nem com o seu melhor amigo consegue colocar-se de acordo sobre a lista, não acha que seria um pouco de mais exigir ao selecionador a unanimidade?

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