Hormona do amor pode ajudar a regenerar o coração após lesão cardíaca

10 out 2022, 12:36
Coração (Pexels)

Investigadores norte-americanos acreditam que as conclusões do seu estudo abrem as portas para novas terapias potenciais para a regeneração do coração

Um grupo de cientistas da Universidade Estadual do Michigan, nos Estados Unidos, descobriu um novo benefício da ocitocina, a chamada hormona do amor, prazer e bem-estar. Segundo um recente estudo publicado na revista Frontiers in Cell and Developmental Biology, a ocitocina pode promover uma mais rápida recuperação cardíaca.

Os cientistas norte-americanos descobriram que a ocitocina promove a ativação de células epicárdicas e, por consequência, contribui para a regeneração do coração após uma lesão, como aquela que é provocada por um ataque cardíaco ou enfarte agudo do miocárdio, duas das patologias cardíacas mais comuns em todo o mundo.

Para chegarem a esta conclusão, foram levadas a cabo experiências em peixe-zebra, comummente usado em ciência, e em culturas de células humanas. Nos peixe-zebra, por exemplo, os níveis de mRNA de ocitocina aumentaram até 20 vezes três dias após a lesão cardíaca, acelerando a regeneração do órgão. E o mesmo aconteceu no tecido humano in vitro, ou seja, a hormona também estimulou as culturas de células-tronco pluripotentes induzidas humanas (hIPSCs) a tornarem-se EpiPCs (células progenitoras derivadas do epicárdio e que são responsáveis pelo bom funcionamento do órgão).

De forma mais simples, como explica Aitor Aguirre, um dos mentores do estudo, citado pela EurekAlert, “a hormona do amor é capaz de ativar mecanismos de reparação cardíaca em corações lesionados em peixes-zebra e culturas de células humanas, abrindo as portas para novas terapias potenciais para a regeneração do coração em humanos”.

Para os cientistas - e esta não é a primeira vez que se estuda o impacto da ocitocina no coração, há 20 anos que já é chamada de “hormona do coração” e em 2020 um estudo já tinha mostrado o seu efeito “protetor” na patologia cardíaca - a grande novidade está no caminho que a hormona faz e que leva as células lesionadas a fazer e a alterarem-se, naquela que poderá ser a chave para uma recuperação mais célere.

Tal como se lê no estudo, a ‘hormona do amor’ viaja para o epicárdio (camada exterior do coração), liga-se ao seu recetor (OXTR, gene codificador de proteínas) e estimula as células-tronco derivadas do epicárdio - que se perdem após um ataque cardíaco - a expandirem-se para o miocárdio (camada intermédia do coração), permitindo que se desenvolvam em cardiomiócitos, isto é, em células que geram contrações no coração e que ‘devolvem’ o seu normal funcionamento. 

“A ocitocina é libertada do cérebro para a corrente sanguínea após a lesão cardíaca para facilitar a ativação epicárdica e a regeneração do coração”, lê-se no estudo, publicado no dia 30 de setembro. “Demonstramos que a ocitocina induz a reprogramação de células epicárdicas humanas, ativando o seu recetor.”

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