Existem apenas 52 profissionais nos 356 centros de saúde de Portugal
Um estudo divulgado esta quarta-feira pela Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN) revela que existem apenas 52 nutricionistas nos 356 centros de saúde de Portugal continental, noticia a Lusa.A região Norte é a mais favorecida com 38 profissionais em 101 centros de saúde.
Na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo o mesmo estudo, existem somente dois nutricionistas para os 86 centros de saúde.
«Ao analisarmos os dados por sub-região de saúde, a situação assume contornos preocupantes uma vez que existem estruturas de saúde sem profissionais ao serviço da população», denuncia a APN.
As sub-regiões, que segundo a APN não possuem nutricionistas, são Castelo Branco, Guarda e Leiria.
A associação explica que «50 por cento dos nutricionistas está no Grande Porto porque até há pouco tempo era o único local onde existia um curso superior de Nutrição (na Faculdade de Ciências de Nutrição da Universidade do Porto)e os profissionais iam-se fixando próximo do local onde se licenciaram».
Obesidade: a epidemia do século XXI
Numa altura em que a obesidade é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a epidemia do século XXI e que os casos de morte provocada por distúrbios alimentares estão a crescer, a Associação Portuguesa dos Nutricionistas alerta para a urgência do aumento do número de profissionais disponíveis nos cuidados de saúde primários.
Em declarações à Lusa, a presidente da APN, Alexandra Bento considerou «premente» a introdução de nutricionistas nos centros de saúde devido ao seu papel preponderante no combate à doença do século e na prevenção de novos casos.
«Nos hospitais, não há falhas, mas é nos cuidados primários que se deveria investir, apostando na prevenção», frisou a responsável, referindo que a própria Plataforma Contra a Obesidade tem «chamado a atenção» para o problema.
Segundo Alexandra Bento, também a Missão para a Promoção dos Cuidados de Saúde Primários reconhece que «a situação não é desejável e que são necessários mais nutricionistas para trabalhar em equipas multidisciplinares nos centros de saúde».
Contudo, e apesar dos coordenadores das sub-regiões de saúde reconhecerem que o número de especialistas é «manifestamente insuficiente, até nos centros de saúde do Porto», tudo indica que a situação se irá manter.
Apesar de não estar definido o rácio por habitantes, a responsável entende que «será necessário olhar para as zonas do país onde a situação é mais grave».