Astronautas da Roscosmos mostraram as bandeiras das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, o que não caiu bem junto dos norte-americanos
A NASA emitiu esta quinta-feira uma nota de condenação à Roscosmos, a agência espacial da Rússia e a principal parceira dos norte-americanos na Estação Espacial Internacional. Em causa está a comemoração de astronautas russos da conquista da região de Lugansk, no este da Ucrânia.
Em comunicado, a agência espacial norte-americana disse que “repreende fortemente a utilização da Estação Espacial Internacional para propósitos políticos que apoiam a guerra contra a Ucrânia, que é fundamentalmente inconsistente com a função primária entre os 15 países participantes que desenvolvem a tecnologia e a ciência para propósitos de paz”.
A Roscosmos partilhou na segunda-feira fotografias dos seus três astronautas com as bandeiras das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, regiões separatistas pró-russas que querem a independência da Ucrânia, e que apenas são reconhecidas por Rússia e Síria. Além disso, a própria agência russa descreveu a captura de Lugansk como um “dia de libertação para celebrar tanto na Terra como no Espaço”.
Esta não é a primeira vez desde o início da guerra que os responsáveis russos têm manifestações semelhantes. A 28 de abril dois astronautas mostraram uma bandeira que simbolizava a vitória da União Soviética na Segunda Guerra Mundial. Apesar de a União Soviética ter sido extinta há 31 anos, o presidente Vladimir Putin deixa, sempre que pode, palavras de saudosismo em relação a esses tempos.
Apesar da invasão russa a NASA tem tentado manter as relações de parceria com a Roscosmos, que duram há mais de 20 anos. Entre outras coisas os norte-americanos lembraram que os astronautas de ambos os países têm vivido lado a lado.
Isso mesmo foi confirmado logo no início da invasão, quando Kathy Lueders, uma das administradoras da NASA, disse que, apesar da crescente tensão, a NASA e a Roscosmos “continuam a falar e a treinar”.
“Ainda trabalhamos juntos. Obviamente que percebemos a situação global, mas estas duas equipas estão a trabalhar em conjunto”, afirmou, admitindo que a situação deve continuar a ser monitorizada.
Este é o ponto mais alto entre as duas agências espaciais desde que a Rússia decidiu explodir um satélite que acabou por causar vários detritos que ameaçaram a estação espacial. Na altura a NASA, pela voz do administrador Bill Nelson, condenou fortemente a ação, que apelidou de “imprudente e perigosa”.
Ainda assim, e tal como fez este ano Kathy Lueders, o responsável lembrou que o objetivo é ter paz.