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Henrique Jones confirma «índice de suspeição lesional» acima do habitual

24 jun 2014, 19:26
Henrique Jones (José Sena Goulão/Lusa)

O efeito da sobrecarga de jogos na maioria dos jogadores

* enviado-especial ao Brasil

As lesões têm sido um dos temas dominantes na campanha portuguesa. Henrique Jones, um dos dois médicos destacados pela FPF, admitiu que nas sete fases finais em que colaborou, esta foi aquela em que as probabilidade de ocorrerem problemas físicos com os jogadores (aquilo a que chamou «índices de suspeição lesional»), eram as mais elevadas de sempre.

A explicação, começando pelos exames médicos e testes efetuads nos primeiros dias: «Os exames foram feitos de molde a darem garantias de que todos os jogadores estavam em condições de competir. Mas tínhamos, sim, índices de suspeição lesional superiores aos de outras convocatórias, por causa de sobrecargas competitivas, e lesões de vários atletas durante a temporada 2013/14. Confirmo que o índice de suspeição lesional era mais alto», assumiu.

O médico lembrou que a última temporada foi especialmente delicada para vários jogadores: «Os testes permitem-nos ver, naquele momento, a normalidade clínica dos atletas. Mas metade ou dois terços dos convocados foram muito sobrecarregados por lesões. Temos três elementos operados aos ligamentos cruzados no último ano, e tivemos oito, dez, 12 com lesões musculares ao longo desta época», enumerou.

Outro fator de risco assumido pelo médico da seleção é a idade: «O passado lesional desses jogadores, bem como a sua idade, são factores que podem levar ao aparecimento de novas lesões. A carga de lesões foi elevada em 2013/14, e em comparação com o Euro 2012, a idade dos jogadores também é dois anos acima, é um factor importante», reconheceu.

Henrique Jones rejeitou, porém, a existência de qualquer falha de comunicação com o selecionador, garantindo que este dispunha de todos os dados para escolher os 23: «Há um ano que estou em contacto quase diário com Paulo Bento, porque ele me telefona a cada lesão e evolução de jogador. Pomos na balança a morfologia, a idade, o histórico de lesões, e temos um cálculo de x por cento de um dado jogador se lesionar em competição. Agora pergunto: se fôssemos julgar só por esse aspecto, o que me estariam a perguntar agora se Pepe, Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão ou Raul Meireles não tivessem vindo? A verdade é que, em termos clínicos, chegámos ao primeiro jogo do Mundial com os 23 em condições e isso custou-nos muito», frisou.

Definindo como «quatro ou cinco» os nomes mais problemáticos nessa avaliação inicial, Henrique Jones sublinhou, entretanto, que «só um desses nomes se lesionou durante o Mundial». O médico deixou ainda a sua opinião de que o desgaste da temporada é a chave para a maior parte desses problemas: «Um terço dos nosssos atletas joga em Espanha, e em minha opinião não é por acaso que a Espanha vai para casa. A sobrecarga competitiva é o principal motivo de lesão», concluiu.

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