Mundial Feminino: Países Baixos-Portugal, 1-0 (crónica)

23 jul 2023, 10:53

Gigantes, mas traídas pela altura

De manhã em Portugal, à noite na Nova Zelândia: não importa a hora, não importa o local, e também importa menos do que o habitual o resultado.

Este domingo, dia 23 de julho de 2023, fez-se história: a Seleção Nacional feminina cumpriu um sonho de muitos anos e estreou-se a jogar em Mundiais.

O Estádio Forsyth Barr, em Dunedin, foi o palco do jogo mais importante da carreira das 23 jogadoras portuguesas convocadas por Francisco Neto. Os Países Baixos o adversário, derrota por 1-0 o resultado.

A emoção, antes de tudo

Tatiana Pinto e Jéssica Silva, lado a lado na hora de cantar A Portuguesa, foram o rosto perfeito para exemplificar o momento especial que o futebol e o futebol feminino viveram esta manhã – ou noite.

A emoção no pré-jogo foi muita, mas assim que a bola começou a rolar, havia um trabalho a fazer: tentar derrotar a atual vice-campeã do mundo, e uma das melhores seleções que andam por aí.

E os primeiros minutos, diga-se, deixaram alguma água na boca.

FILME E FICHA DO JOGO.

Mesmo com algum nervosismo, as Navegadoras conseguiram jogar olhos nos olhos frente às neerlandesas. Pressão alta, agressividade e muita entreajuda. Faltava, no entanto, mais qualquer coisinha no ataque, como aliás foi faltando ao longo dos 90 minutos.

Gigantes até então, as comandadas de Francisco Neto acabaram traídas precisamente nas alturas, quando van der Gragt, num lance de bola parada, deu vantagem aos Países Baixos aos 13 minutos.

O golo inibiu Portugal e deixou o adversário bem mais confortável no jogo. Defensivamente, é preciso reconhecer, a Seleção Nacional não passou por muitos calafrios, apesar das várias tentativas da equipa neerlandesa.

Mas faltou esticar o campo, e muito.

É que dá a ideia de que Portugal respeitou muito os Países Baixos, talvez em demasia. Francisco Neto optou por uma maior segurança no setor defensivo, com um sistema híbrido entre o 4x4x2 e o 5x3x2, em que Tatiana Pinto praticamente fechava o lado direito da defesa e Ana Borges atuava como central ao lado de Diana Gomes e Carole Costa.

Mas depois, claro, faltou outra presença em zonas ofensivas. E por isso Portugal foi incapaz de ameaçar a defensiva laranja praticamente durante a primeira hora de jogo.

Kika Nazareth, uma mensagem de Francisco Neto

Kika Nazareth, ela que esteve lesionada durante as últimas semanas, não foi titular, mas foi ela a mensagem de Francisco Neto. Aos 67 minutos, o selecionador nacional tirou Dolores Silva e pôs a jovem do Benfica para fazer companhia no ataque a Jéssica Silva e Diana Silva.

E a mensagem foi entendida: mais presença no ataque, até porque o relógio corria contra as jogadoras portuguesas.

Portugal perdeu a vergonha e adiantou-se uns metros no terreno, deixando, pela primeira vez em todo o encontro, os Países Baixos desconfortáveis na partida. A Kika juntaram-se mais três cartadas de Francisco Neto – Telma Encarnação, Andreia Jacinto e Lúcia Alves.

Enquanto houve pulmão, Portugal continuou a acreditar num saboroso empate, que não ficou longe de acontecer aos 83 minutos, quando Telma, na melhor oportunidade nas Navegadoras em todo o encontro, obrigou Van Domselaar a defesa atenta.

Mas depois acabou o oxigénio.

A Seleção Nacional começou a pensar muito mais com o coração do que com a cabeça e voltou a afastar-se do golo. Pouco discernimento e muita bola longa, perante um adversário que era claramente superior fisicamente. Agradeceram as neerlandesas.

Patrocinados