Klopp põe dedo na ferida sobre a escolha do Qatar para organizar o Mundial

5 nov 2022, 11:35
Liverpool-Manchester City (AP)

Treinador do Liverpool pede para tirar a pressão de cima dos jogadores

O Mundial do Qatar começa dentro de duas semanas e a polémica é diária. Agora foi Jurgen Klopp que não calou a revolta ao ser questionado sobre a violação dos direitos humanos no país.

O técnico diz que não têm de ser os protagonistas –jogadores e treinadores – a ter a responsabilidade de enviar uma mensagem a criticar algo que está à vista de todos há mais de uma década.

«Quando foi anunciado que a Rússia e o Qatar iam receber os dois próximos Campeonatos do Mundo, acho que foi a primeira vez que foram anunciados em simultâneo. E todos sabemos como tudo aconteceu. Na altura, já se desconfiava de como tinha acontecido. E deixámos aquilo acontecer. Sem lidar com a forma como foi feito e que agora está escrito em todo o lado», começou por dizer.

«E não é nada contra o Qatar, mas no momento em que o país foi escolhido, era claro para todos como tinha acontecido. E todos os envolvidos deviam saber o que iria acontecer. Nessa altura, devia ter-se pensado nos direitos humanos e na necessidade de pessoas trabalharem em condições difíceis… para usar um eufemismo», continuou.

Klopp defende que sempre foi claro que teriam de se construir todas as infraestruturas de raiz e que isso iria ter de ser feito por pessoas, em condições desumanas.

«Não se vai poder jogar o Mundial no Verão por causa do calor – mesmo agora é muito quente – e não havia um único estádio no Qatar. Tinham de ser construídos os estádios e não me parece que não se tenha pensado que alguém teria de os construir. Não dava para chamar o Aladino com a sua lâmpada e puff, havia estádios», acrescentou.

Klopp sublinha por isso que não faz sentido que os jogadores sejam agora colocados perante questões que ninguém antes quis responder.

«Eu vejo isto do ponto de vista do futebol e não gosto da ideia de os jogadores terem de estar agora a mandar uma mensagem. Vocês são jornalistas e deviam estar a enviar uma mensagem, mas não escreveram um artigo crítico sobre as circunstancias no Qatar. Que eram claras», diz.

«Os jogadores têm de jogar pelos seus países, não têm nada a ver com as circunstâncias em que as coisas foram feitas. Por isso não têm de estar sempre a ser questionados sobre isso. Eles não gostam de como as coisas foram feitas, eu posso garantir. Mas na altura em que foi feito, ninguém fez nada, por isso, agora deixem os jogadores jogar, não os coloquem no centro das decisões políticas. Isso não vai mudar nada. Todos nós – e vocês [jornalistas] mais do que eu – não devíamos ter deixado acontecer há 12 anos. Não é agora. Toda a gente sabia que teriam de ser construídos estádios com condições desumanas, com 50 graus», critica.

«Todos deixámos isto acontecer, há demasiado tempo. Agora, alguns desses piores dirigentes do futebol já morreram, devíamos ter resolvido isto há muito», lamenta.

Klopp reconhece que irá viver este Mundial de forma distinta, mas que agora há pouco a fazer.

«Eu vou ver os jogos. Mas é óbvio que vai ser diferente dos outros mundiais», finalizou.

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