Censura: como Albuquerque mandou travar notícias em vésperas de eleições

26 jan, 20:03
Miguel Albuquerque (Homem Gouveia/Lusa)

Presidente da Madeira não gostou de um artigo do Jornal da Madeira, falou com Pedro Calado, que contactou Avelino Farinha, administrador do grupo AFA, que detém mais de 50% do jornal. Objetivo era afastar a jornalista

Miguel Albuquerque e Pedro Calado são, entre outros crimes, suspeitos de atentado contra o estado de direito. O presidente do governo regional não gostou de um artigo do Jornal da Madeira, em julho passado, e pediu ao presidente da câmara do Funchal que falasse com Avelino Farinha, administrador do grupo AFA, que detém mais de 50% do jornal. Queria que a jornalista que assinava o artigo fosse afastada. 

"Pedro Calado terá abordado Avelino Farinha, logrando conseguir que o mesmo atuasse sobre o jornalista em questão", diz o Ministério Público. A notícia referia que a imagem turística da região estava a ser afetada pela droga e pelos sem abrigo. Os comerciantes da baixa do Funchal relatavam comportamentos violentos que importunavam e afastavam os clientes.

A jornalista continua no jornal, mas o Ministério Público considera que existem indícios de crime. "Resulta, assim, a existência de indícios de que Miguel Albuquerque e Pedro Calado, aproveitando a posição acionista de Avelino Farinha sobre alguns dos principais jornais da região, tenham atuado junto do mesmo, tendo em vista o condicionamento de jornalistas ao serviço daqueles órgãos de comunicação social".

O objetivo de Albuquerque seria de evitar a publicação de notícias com impacto político negativo nas vésperas das últimas eleições para o governo regional: "Condutas que se afiguram suscetíveis de colocarem em causa as liberdades de imprensa e de expressão, ambas com proteção consagrada na Constituição da República Portuguesa".

O grupo AFA, de Avelino Farinha, detém 50,5% do Jornal da Madeira, as rádios Calheta e Santana FM, e quase 37% da EDN, que tem participações no Diário de Notícias da Madeira e na TSF.

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